Continuação daqui

Pegando comodamente nas definições habituais, o socialismo de amanhã será aquele que, sem preconceitos quanto aos meios, não se esqueça dos seus objectivos e daqueles que quer defender.

Hoje, a luta – sim a luta, há sempre uma luta – faz-se nessas duas frentes. No entanto, para já, avaliando as terceiras vias ainda em vigor, parece haver um excessivo enfoque nos meios/métodos com a aquisição de traumas face a soluções do passado (traumas resultantes mais de maus diagnósticos históricos do que da confirmação da inadaptação dos métodos à realidade), bem como com um certo arregimentamento pouco sóbrio de soluções mais caras a uma suposta facção inimiga (os neo-liberais) que desencadeia habitualmente a perda das referências face à novidade dos instrumentos anteriormente proibidos. Esse é o problema. Nenhum método é mau por natureza, mas o inverso também é verídico.

Por cá talvez estejamos a enfrentar também este dilema mas era bom que pudessemos queimar essa etapa. A justificação financeira para a não inclusão da Saúde Oral no SNS é o pior dos caminhos. Sem dúvida o mais fácil, talvez mesmo bem aceite (tipos como eu podem, por exemplo, vê-lo como um mal necessário com que tenhamos de continuar a vivier), mas … Mas prova o erro: não será a saúde oral prioritária face a outros gastos do Estado?

A cultura de um povo começava nos valores mais básicos da dignidade humana. Só depois de se garantir esse provimento (dando e, quando possível, "ensinando a pescar") deveriamos considerar o resto, a alta cultura, digamos assim. E contudo para essa vai havendo dinheiro. Já vai sendo tempo de assumirmos estes difíceis (?) dilemas e decidir, por exemplo: ajudamos quem quer ir à Opera/fazer Cinema/fazer Teatro/escrever livros ou quem quer ter acesso a um dentista?

O que é certo é que não consigo ouvir um (1) deputado a completar as suas propostas com o deve e o haver. Da oposição diz-se que tem de se fazer sem explicar como e onde arranjar dinheiro, da posição diz-se que não há dinheiro porque não há, não se indo além de um triste remedeio e esconjurando qualquer tipo de análise global do Estado (é particularmente assim no parlamento, um pouco menos no Governo, felizmente).

Se calhar temos um défice de consciência de classe neste país, é o que é… O que, a ser um facto, só nos pode perspectivar o pior num cenário de crise mais profunda. Isso é matemático

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