Atendendo a que não sou absolutista em relação a quase nada, o problema é capaz de estar mesmo no contexto, vizinho João. Mais concretamente na avaliação subjectiva do contexto. A minha diz-me que se deve sublinhar que nós por cá não distinguimos tratamentos em relação às culturas ou religiões: falando particularmente com todos os que cá estão.
Condicionar a nossa acção, as nossas regras a seguir durante uma sessão de cinema, pelo que os fanáticos que abominam o cinema resolvem querer ouvir e entender daquilo que teremos dito ou desenhado é o pior dos caminhos. E é esse condicionamento que me preocupa. Parece-me levar a uma espécie de infantilização do outro.
Consigo imaginar-me a dizer mais ou menos o mesmo que o João diz em defesa da sua posição, se eu conseguisse aceitar que cartoons como os dinamarqueses e outros posteriores justificassem minimamente qualquer tipo de ofensa e se não pusessem em causa algo basilar da nossa vida em comunidade. Avalio essa ofensa pelos meus padrões? Pois é, admito que sim, mas como os cartoons foram publicados por cá e para cá, acho que é assim que devem ser julgados. Digamos que eu sou inimputável quanto ao crime de blasfémia sobre uma religião que não é a minha e digamos ainda que leio nos cartoons uma crítica aos fanáticos que invocam o nome de Deus para a violência e não um ataque generalizado dedicado também àqueles muçulmanos que abominam a violência e o fanatismo religioso. Para que se justificasse algo mais concertado no sentido da censura que temos visto um pouco por todo o lado (e que leva a aberrações como a Inglesa onde a maioria da população afirma ignorar o que consta dos cartoons por nunca os ter visto, mas tem opinião formada sobre a sua publicação) teria de remeter a conversa para algo mais vasto e "ecuménico" como fiz no post anterior. E daqui não saimos mesmo. Concordamos em discordar?