O leitor mais atento perceberá porque é que tenho de sublinhar positivamente esta notícia do Público do passado sábado onde se cita um programa da TSF (de 12 de Janeiro – segundo o site) aqui relembrado na passada sexta-feira. Ajudará a enquadrar a interpelação de José Tavares (antigo coordenador do Plano tecnológico) perante o Primeiro-Ministro que ocorreu há alguns dias e aqui referida. E para tal, além das declarações de Carlos Zorrinho citadas no artigo do Público, permito-me transcrever um excerto do programa da TSF em que o Reitor da Universidade Nova se pronuncia sobre o assunto Plano Tecnológico MIT:

TSF: Recentemente a Universidade Nova ofereceu um terreno para instalar um pólo do MIT em Portugal, que é considerada a Universidade do Mundo com as maiores ligações à indústria, esta é uma das iniciativas do Governo do Plano Tecnológico, Senhor Reitor, a Nova já recebeu alguma resposta do Governo a esta oferta que fez?

Reitor UNL: Olhe tudo na vida tem a sua história, deixe-me contar-lhe uma história pequenina sobre o plano tecnológico. Numa dada altura a Universidade Nova foi instada para uma reunião no Ministério da Economia. E dessa reunião nasceu, realmente, muita esperança, não só para a Universidade Nova como para Universidade em geral. E a primeira conclusão a que chegámos foi que não há plano tecnológico sem as Universidades. Por mais que os políticos dêem voltas, por mais que se fale, não há plano tecnológico sem as universidades. E resultou dessa reunião, também dentro desta perspectiva de esperança… Quando nos foram indicadas algumas áreas de desenvolvimento, nós concordámos com elas. As áreas de desenvolvimento eram mais ou menos: os oceanos, a construção e ambiente, as ciências da vida e biotecnologia, a gestão de processos, a micro-nanotecnologia, a energia e as telecomunicações. Bom estas áreas satisfizeram-nos plenamente.

TSF: Mas desde então tiveram mais algum encontro? Portanto houve um há seis meses..

Reitor da UNL: Desde então não tivemos encontro nenhum, o que soubemos foi pela comunicação social, por conversa de corredor, e soubemos que, também nessa reunião, soubemos que umas dessas perspectivas era convidar o MIT para se associar a alguns parâmetros existentes em Portugal designadamente as universidades, fazendo uma coisa semelhante àquilo que o MIT fez em Singapura e fez também com a Universidade de Cambridge – aliás são duas coisas diferentes, mas fez efectivamente essa ligação a Singapura e a Cambridge. E assim, o que dissemos foi que a Universidade Nova está em condições de conceder a este plano tecnológico, as condições necessárias para o MIT se instalar com tudo aquilo que deriva da ligação ao MIT. Portanto, o que nos pareceu nessa altura foi que o MIT queria a proximidade a uma instituição que tivesse ciência e tecnologia, que tivesse um MBA com parâmetros bem reconhecidos de qualidade, e que tivesse predisposição para a internacionalização além do empreeendorismo. Ora bom, nós estamos em condições de oferecer esta… mas não somos a única Universidade.

TSF: Mas desde então não tiveram nenhuma resposta por parte do executivo ou do MIT?

Reitor UNL: Nenhuma resposta e nenhum contacto. Portanto o que sabemos é o que toda a gente sabe, mas como pensamos que os projectos do governo têm consistência e que são efectivamente elaborados, nós estamos a raciocinar em termos do que apreendemos daquela reunião no Ministério da Economia.

Parece haver nitidamente competição entre universidades, o que por sí não me parece negativo. Contudo, com a restante informação disponível a história continua a merecer ser acompanhada com atenção. Para julgarmos a conduta e a acção do Governo é preciso ter acesso à informação que leve à tomada de decisão. E nesta matéria, nem só a OTA e o TGV são relevantes.

Haverá um momento no futuro em que o segredo negocial permita percebermos em que justificações de fundou a decisão que o Governo vier a tomar?

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