(Os sublinhados são meus, as certezas são de Vital Moreira)
"Primeiro, eram contra a novo aeroporto porque não havia estudos a provar a sua necessidade. Agora que os estudos aí estão, continuam a ser contra, porque acham que, apesar de não conseguirem refutá-los, os estudos são produto de uma conspiração de consultores, banqueiros, construtores civis e tutti quanti.
Dá pena ver nessa linha espíritos que deveriam sobrepor a razão à paixão ou aos seus interesses individuais ou paroquiais. São contra, por que não…"
Suponho que eu seja um apaixonado… Pelo menos o Virgílio Poltronas está incorrigível.
Só para que conste, os estudos a que eu, comum mortal, tive acesso são estes. Vital Moreira teve acesso a mais algum? É que eu tenho um monte de dúvidas que teimam em subsistir depois de ter passado por ali. É claro que podem ser as minhas limitações de entendimento…
3 replies on “Só um comentário…”
o “cemitério” da Ota
O governo insiste na construção de um novo aeroporto que, a concretizar-se, seria inaugurado por volta de 2017, ou seja, muito depois do “pico petrolífero”, altura em que os custos energéticos resultantes da irreversível escassez da produção de petróleo face à sua procura afectarão cada vez mais o sector dos transportes e estagnarão (ou farão mesmo regredir) o volume de tráfego aéreo em todo o mundo.
Assim, investir na construção de um novo aeroporto, seja na Ota ou em qualquer outro lado, é um erro gigantesco e ruinoso para a economia nacional e constituirá um pesado encargo para as gerações vindouras, uma vez que Portugal (e provavelmente qualquer outro país do mundo) não precisa de nenhum aeroporto, a não ser para servir de futuro “cemitério” de aviões parados.
Se o governo tivesse lucidez deveria era, quanto antes, aplicar os recursos que dispõe numa política geral de substituição do petróleo por gás natural e outros meios energéticos, em todos os sectores de actividade, a começar pelos transportes.
Mas não!
Em vez disso toma uma decisão aberrante e, no mínimo, reveladora duma ignorância espantosa acerca da realidade energética mundial (será que o Eng.º Sócrates já ouviu falar do pico de Hubbert?).
Ou, pior ainda, submete-se aos lobbies da alta finança e da construção civil e subordina o interesse nacional aos interesses dos grandes grupos privados.
Um projecto interessante pode ser contrapor este modelo de decisão socratico ao cavaquista, da era do betão. Nao sou um especialista mas detecto algumas semelhanças, uma atitude “deixem-nos trabalhar” tambem neste projecto, a decisao baseada no feeling (nunca tenho duvidas e raramente me engano) com um pouco mais de cosmetica, enfim, nao admira que Cavaco se prepare para ganhar as eleições ele e Socrates sao faces da mesma moeda. E nao se percebe a acidez com que os Otistas e otarios criticam o esbanjamento cavaquista – se fosse do seu partido rebateriam as criticas, nao?
Ainda a favor de Cavaco (pm) a relativa abundancia de capital na altura (o que tb e um argumento contra mas nao tao grave como o esbanjamento em tempos e vacas magras) e poucos habitos e escrutinio publico da actividade executiva de entao. Hoje vivemos toda uma nova era.
É HdN, dá que pensar.