Ela: Já chegaste à parte dos estudos onde eles dizem que o Aeroporto fica em leito de cheia da Bacia Hidrográfica do Tejo?
Ele: Não…
Ela: Será que eles vão deitar uma serra abaixo para os aviões não baterem nela ou será que é para não terem de aceitar apenas hidroaviões?
Ele: Que gracinha…
Ela: E viste que vão fazer uma estação de combóios que fica separada da gare de passageiros pela pista?
Ele: Noupe!
Ela: Devem fazer um túnel por baixo da pista com mini combóios automáticos a ligar a gare de chegadas à estação como há em Zurique. Assim tipo o metro do Terreiro do Paço.
Ele: Ah sim?
Ela: Quantos metros é que achas que é preciso escavar em profundidade para ser seguro pasar por baixo da pista?
Ele: Sei lá!
Ela: Têm é que construir uma ensecadeira a montante para consolidarem os solos durante as obras. Ou então encanar a água.
Ele: Mas agora deste em engenheira civil?!
Ela: Tens a certeza que esta papelada toda não é o projecto para um dique?
Ele: É. É um dick e dos grandes! Mas porque é que te dás ao trabalho? Eu já desisti. Safa! Ou melhor, caramba!
Ela: Não ouviste o governo? Agora que a decisão está tomada temos que discutir o assunto. E olha que tu é que votaste neles…
Ele: Grrrrrr. (Estão a ver o Tio Patinhas no último quadradinho da história a roer a cartola? Pois!)
6 replies on “Os Monólogos da OTA”
O “cemitério” da Ota
O governo insiste na construção de um novo aeroporto que, a concretizar-se, seria inaugurado por volta de 2017, ou seja, muito depois do “pico petrolífero”, altura em que os custos energéticos resultantes da irreversível escassez da produção de petróleo face à sua procura afectarão cada vez mais o sector dos transportes e estagnarão (ou farão mesmo regredir) o volume de tráfego aéreo em todo o mundo.
Assim, investir na construção de um novo aeroporto, seja na Ota ou em qualquer outro lado, é um erro gigantesco e ruinoso para a economia nacional e constituirá um pesado encargo para as gerações vindouras, uma vez que Portugal (e provavelmente qualquer outro país do mundo) não precisa de nenhum aeroporto, a não ser para servir de futuro “cemitério” de aviões parados.
Se o governo tivesse lucidez deveria era, quanto antes, aplicar os recursos que dispõe numa política geral de substituição do petróleo por gás natural e outros meios energéticos, em todos os sectores de actividade, a começar pelos transportes.
Mas não!
Em vez disso toma uma decisão aberrante e, no mínimo, reveladora duma ignorância espantosa acerca da realidade energética mundial (será que o Eng.º Sócrates já ouviu falar do pico de Hubbert?).
Ou, pior ainda, submete-se aos lobbies da alta finança e da construção civil e subordina o interesse nacional aos interesses dos grandes grupos privados.
O Patacôncio é que comia o chapéu no fim das histórias quando perdia a disputa para o Tio Patinhas.
Sinceramente, confundir o Tio Patinhas com o Patacôncio… Safa, perdão, caramba!
Agora a sério, o aeorporto da Ota vai ficar localizado numa zona de cheias do Tejo?
Já estive para alterar Miguel (ainda antes do teu comentário), mas o quadradinho que me veio à cabeça é mesmo o do Tio Patinhas; garanto-te que há uma história em que é o Patinhas quem tem que roer a cartola 🙂
Quanto ao 2º comentário: é verdade, há dois estudo o primeiro de 2002 levanta muitas preocupações, no segundo a perspectiva é mais benévola (afinal quem já foi à lua não há-de conseguir construir um aeroporto em cima de uma ribeira e ladeado por um rio e outros cursos de água que desaguam no Tejo)? Uma argumentação que serve para justificar qualquer obra. Mas 50 milhões de toneladas de movimentações de terra (se a memória não me falha) é que ninguém nos tira. Acho que este Aeroporto, mesmo durante a sua construção, ainda vai dar muito que falar, infelizmente.
Não percebendo eu de economia e de engenharia mais do que o que o leigo pode perceber, esta história da Ota deita um cheiro muito suspeito. Pelo que se vai sabendo, parece tão pouco razoável que fico de pé (muito) atrás ao ouvir falar nisto.
Quanto ao Tio Patinhas, já cá não está quem falou.
Pois é Miguel, Não dá para perceber.