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Atirar pedras ao ar na Ota

E que tal estudar os ditos cujos e passar para a discussão que interessa? Pelo menos por aqui faço conta de perceber (na medida das minhas limitações) e ponderar criticamente a informação que me é finalmente oferecida.

Obviamente, nem todos os bloggers que exigiram os estudos que agora "começam" a ser publicados são especialistas, logo não são os críticos mais competentes para apreciar a informação. Terão seguramente a sua palavra a dizer e é do interesse de todos que os argumentos sejam suficientemente fortes e claros que permitam convencer a maioria da bondade das decisões, mas o fundamental era/é que estes mesmos estudos fossem divulgados para que todos, incluindo técnicos especializados alheios à realização dos estudos, os podessem avaliar e comentar. A lógica de facto consumado sem justificações foi em si um erro crasso nesta matéria que tem andado literalmente ao sabor dos caprichos de cada ministro da tutela.

Sinceramente não percebo estas bocas de Vital Moreira e mesmo do Irreflexões (que contribuiu com algumas linhas de comentário aos estudos). Foi errado exigir os estudos? É errado criticar a forma como eles estão a ser apresentados, a conta gotas, num tudo ao molho apimentado por um logro parcial promovido num pedaço de propaganda no parlamento (4 cd’s? 1 cd?) o que, como já disse, nada abona em favor das boas intenções de esclarecimento do governo? 

Vamos ao que interessa esperando que no futuro não seja necessário reclamar aquilo que deveria ser um acto prévio da governação. Os estudos disponíveis estão aqui. O primeiro desafio é distinguir o essencial do acessório…

11 replies on “Atirar pedras ao ar na Ota”

Já comecei a ler aquilo ontem. É evidente que há montanhas de coisas que terás de tomar pelo ‘valor facial’ como as projecções da BAA (se não estou em erro) sobre tráfego esperado e coisas assim. Viste projecções financeiras? Ainda não cheguei lá.

Oh Rui,

Acho que estás, presumo que de forma não deliberada, a ler mal o que escrevi. Além do mais, far-me-ás o favor de reconhecer que mandei aquilo que entendes ser uma “boca” bem antes do Vital Moreira e que, ao contrário dele, comecei antes por divulgar os estudos, e depois por fazer um teaser, mostrando coisas engraçadas, só depois salientando a apatia com que os mesmos foram recebidos.

O que eu escrevi é que era inconsequente pedir os estudos só por pedir.

E critiquei, se quiseres, o facto de setenta blogs terem exigido os estudos mas nem 10% terem dado conta de que os mesmos, pese embora de forma confusa e mesmo fragmentária (já chamei à atenção para isso) foram finalmente publicados. A começar pelo que se auto-elegeu como cabeça de cartaz.

Evidentemente que há ali muita coisa que escapa à compreensão do comum mortal. Há partes técnicas de geologia e hidrologia, por exemplo, que mal consigo compreender.

Mas há partes que se percebem. E bem. Dá é trabalho.

Tinha, muito de passagem, lido que já estavam aí no ar os estudos. Fui lá agora e colocarei texto sobre o assunto. Noblesse oblige, ainda que de noblesse enfim, não estarei rico.

Mas há uma enorme incompreensão aqui. E esta é uma formulação muitissimo parcimoniosa. Estamos diante de algo completamente diferente. Uma coisa é considerar que os estudos DEVEM ser publicados, previamente à tomada de uma decisão política, ainda para mais desta envergadura. É um exercício democrático. Mas é também responsabilizar um governo por medidas políticas anunciadas sob um manto de tecnocracia, de auto-legitimação. Se tem estudos que comprovam e sustentam a medida que os publique.
Outra coisa é ir analisar os estudos. Eu não quero que os estudos sejam publicados/disponibilizados para que eu próprio os vá ler e comentar, criticar. Quero que o governo assuma a sua auto-justificação. E quero (espero) que haja mediadores que os possam “traduzir” para meu saber, para minha opinião. Nisto como em tantas outras coisas.

Confundir estas duas coisas é desprovido de qualquer sentido, quando com boa-fé. E rematar a preguiça de quem exige a publicitação das fundamentações deste tipo de decisões governativas mas depois “não vai ler” (claro que não o vou fazer, tenho muito mais para fazer) seria inadmissível se “inadmissível” ainda existisse no bloguismo português. Enfim, essa confusão pode ser sem sentido. Ou pode ser uma mera boca, estratégica, na pequenina política. Acima de tudo é uma irreflexão.

Peço desculpa ao Rui, mas vou usar aqui o canto dele para responder ao JPT.

Meu caro, a publicação por si só não traz nada de bom. Se ninguém vai ler, para quê exigir?

Pode concordar, discordar, fazer o que quiser.

A sua (ir)reflexão vale tanto quanto a minha. Penso eu de que …

Numa nota final: Fiz considerações genéricas sobre um grupo de 70 blogs. No qual me inclui parcialmente. Reconheci que me enganei.
Se acusei alguém de alguma coisa foi o JPP de ter cedido à lógica do efémero. Acho que isso não legitima certas bocas, elas sim, sobre quais as minhas reais motivações.

E já agora, em que é que o que eu disse é diferente do que dizes neste mesmo post?

“E que tal estudar os ditos cujos e passar para a discussão que interessa?”

Ok. Retenhamos o essencial. O que escrevi acho que é oportuno perante a confusão de “causas” que o JPT muito bem enunciou. O post de Vital Moreira parece-me particularmente descabido e vai por caminhos que tu, Irreflexões não foste (declarando por exemplo que houve “uma condenação sumária dos projectos de construção”). O objectivo do post de VM pareceu-me mais visar um marcar de posição assim tipo “quem cala consente”, “era tudo agitação”, “afinal havendo estudos e não havendo reacção quer dizer que tivemos uma boa decisão política”.
No teu caso (Irreflexões), justiça seja feita, não vais por aí, e clarificados que estão os teus argumentos, a tua crítica pode ser legítima (até desconfio que alguns dos bloggers ainda nem se tenham apercebido que há de facto estudos) mas só visa uma parte lateral da micro-causa.
Como disse e sublinhou o JPT, a crítica de primeira linha aos estudo oriunda da blogoesfera não era o objectivo primordial da causa. Pretendia-se um outro procedimento político (e aí a micro cuasa foi em si um exercício de crítica ao governo) e pretendia-se a fundamentação para que esta podesse ser ou não contraditada (não necessariamente pelos bloggers). Sem prejuizo de virmos efectivamente a comentar os estudos.
No fim de semana começo o estudo, depois eventualmente surgirá um ou mais posts.

engulo o irreflexão, descabido jogo de palavras. até porque concordo com a destrinça feita pelo rui entre os teores dos posts, acho que de mim saiu um tiro daquelas bisnagas vira-bicos da minha juventude: apontas e acertas noutro. como não estamos nesses carnavais não se justifica

mas “Se ninguém vai ler, para quê exigir?” é o oposto do que eu disse. não me repetirei demais, o rui já disse, exige-se uma postura política ao governo; e, o meu objectivo, apela-se a mediadores que leiam e discutam – ora o rui já prometeu cumprir o papel (função social?). Portanto nada mais longe do que essa atitude absolutamente passiva que se retira da formulação citada

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