Sinceramente, Paulo o que é que o cú (escrutínio dso blogues pela sociedade) tem a ver com as calças (Entidade Reguladora para a Comunicação Social)? E sim, por uma vez estou de acordo com o que o João Miranda escreveu aqui.
Parece-me que é melhor dar corpo de post a parte da opinião que dei em comentário ao post anterior, em jeito de resposta a um comentário do JPT. Cá vai:
Por aquilo que acho ser a natureza de um blogue (local público de emissão de opinião) não vejo que haja qualquer necessidade de uma entidade reguladora. Tal como essa entidade reguladora não tem nada que se imiscuir nas secções de opinião de qualquer jornal. Quem emite a opinião é responsável por ela e tem a lei geral a enquadrar essa actividade. Quando muito poderia haver uma alteração legislativa que facilitásse a identificação dos opinadores anónimos para que quando alguém se sente lesado pela opinião veiculada se possa defender com maior facilidade, mas julgo que até por aí a lei existente tem sido capaz de dar conta do recado.
De qualquer forma isto não tem nada a ver com uma entidade reguladora. Esquecendo a questão de saber se estamos presente uma reacção corporativa dos blogues (é muito rica e lucrativa esta corporação) ou não, qual é a opinião do jpt/Paulo sobre isto? Um blogue de opinião (desculpem a redundância) deve ser regulado como um jornal? O regulador pode ter algo a dizer quanto ao que se escreve nas secções de opinião de um jornal? Contrariamente ao que suponho inferir das palavras do Paulo (quando fala do estatuto assim ganho pelos blogues na mediasfera), não estou seguro que este articulado tenha duas vias, a dos deveres e dos direitos.
Parece-me que os blogues correm o risco de ganhar um estatuto muito curioso para a alegria de alguns jornalistas: vamos ter direito a todo o controlo que têm os jornais (ou mais ainda) sem termos direito às defesas legais tradicionalmente associadas a estes (não vejo escrito preto no branco onde se estabelece o paralelo entre blogues ou bloggers e jornalistas, quanto a isso).
Poderei eu invocar a protecção das minhas fontes para as manter anónimas se proventura algum dia esteja em condições de denunciar alguma facto/potencial notícia? Não me parece, afinal, eu não sou nem quero ser jornalista e julgo que ninguém alguém pode inferir isso do Adufe. Julgo até que tudo isto seria bem mais claro se os jornalistas, eles próprios, não dessem aso a ambiguidades quanto ao seu papel, confundindo demasiadas vezes informação com opinião. Se informação é um seu exclusivo, que exige um código e uma conduto específicos, a opinião não é nem pode ser monopólio dos jornalistas ou das escolhas editoriais dos jornais. Todos temos direito à opinião e para essa basta a regulação que regula (mais um pleonasmo) qualquer conversa entre duas pessoas.
Escrevo com o meu nome próprio, dou a minha opinião, faço as minhas críticas: sou a "entidade" mais transparente e vulnerável que anda na praça pública. Valho o que valho apenas e só por aquilo que digo e faço.
Para terminar e antes que a discussão baixe de nível (tenho um dedinho que adivinha estas coisas), alguém me explica o que justifica a existência de uma entidade reguladora (também) para os blogues?
Se já tenho algumas dificuldades em perceber qual pode ser o papel de um regulador ao nível da
imprensa tradicional, menos ainda percebo o seu papel junto da blogoesfera. Mas tenho os ouvidos abertos….
Quem nos dera que todas as corporações fossem como esta onde o que quase todos procuram é valorizar a sua opinião. Saudações bloguística a toda a comunidade.