Já quando se candidatou a deputado (e depois à presidência) do Parlamento Europeu, se ouviram vozes de simpatizantes preocupados com os riscos para a imagem histórica do político Mário Soares e para a instituição "ex-presidente". Bem vistas as coisa, no comparativo entre o PRD de Eanes e a ida a votos de Soares para se colocar no cerne do projecto europeu, há que reconhecer que Soares superou a prova com distinção e abriu caminhos saudáveis onde Eanes lançara sombras inúteis.

Agora, perante a sua recandidatura a Belém, são particularmente os antigo apoiantes que agora estão de outro lado, que se mortificam com os riscos para a imagem do velho guerreiro, figura símbólica da democracia.

O que é certo é que perca ou ganhe, não é por aí que Mário Soares causará dano à democracia portuguesa. Para todos os efeitos há uma imensa lição democrática a retirar em caso de derrota. Uma lição tanto maior quanto menor a idade do político que a recebe. Uma lição tanto mais rica quanto menores as perspectivas de vitória no momento da decisão pela candidatura.

Aliás essa lição é em boa parte generalizável a todos os candidatos. Um pouco menor para os que não são o símbolo Mário Soares e um pouco menor quanto maior o tabu de cada candidato.

Ninguém deve ser colocado num pedestal, nunca. Fazê-lo é trairmo-nos a nós próprios e trairmos a liberdade. 

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