As aldrabas que me perdoem mas hoje segue bla-bla-bla para iniciar a semana.

Notas sobre uma reflexão política pessoal, em jeito de rota para caminho futuro: 

  • É muito importante reforçarmos a pressão sobre os partidos, todos eles.
  • Salvo raras excepções, os contactos que tenho tido com gente de diversos partidos deixam-me cada mais com um sentimento de perplexidade. "Eles" vivem de facto noutro mundo, num mundo de guerras internas e externas (quase sempre entre "eles"), cada vez mais desligado de coisas como princípios éticos, vontade popular, espírito democrático.
  • Tragicamente, alguns dos melhores "deles" nem se apercebem disso. Curiosamente, apenas na governação se encontram lampejos de algo mais do que essa guerra, materializando-se, por vezes, em medidas desatrosas por serem mal fundadas e desgarradas.
  • A língua que "eles" falam e a língua que os "não-eles" falam é já demasiado distinta, ao ponto de ser difícil o diálogo, ou por outras, de se perder demasiado tempo a definir conceitos antes de se tentar um consenso em torno de uma linha de acção prática ou de um simples exercício de crítica construtiva.
  • Os "não-eles" também têm diferentes línguas, contudo, esse "esperanto" que deveria ser a oferta política partidária, encontra um único ponto comum entre a sua língua e outra dos "não-eles": esse fenómeno ocorre ao nível mais básico do discurso popular, só aí se gera verdadeira empatia, geralmente de mãos-dadas com o pior dos populismos (mas nem sempre).
  • Perante estas evidências é preciso passar pelos conceitos básicos da democracia, da democracia representativa e dos limites mínimos aceitáveis a impôr à intervenção política.
  • O comum dos mortais, antes de alterar a sua forma de intervenção política – eventualmente aproximando-se mais da intervenção partidária – deve esclarer muito bem e de forma muito concentrada e consciente dois ou três princípios básicos pelos quais deverá reger a sua actividade política. Ainda que isso provavelmente signifique desde logo comprar algumas guerras à partida, não vale a pena acreditar que terá capacidade de acrescentar algo de positivo à oferta política vigente se entrar para um partido com reservas mentais a esse nível tão básico da definição política.
  • Lá dentro, parece imperar o ruído, o costume (tantas vezes prevalecente sobre o respeito por regras supra-partidária feitas letra morta) e o arsenal letal da guerra inter e intra partidária.
  • É preciso encontrar espaço para se recuperar algum respeito adicional pela ética republicana e pela igualdade entre cidadãos.
  • Vivemos num regime que tem cada vez menos a ver com a democracia representativa. Neste aspecto gostava de ser muito conservador: defendendo o espírito clássico desses conceitos, logo, batalhando para que se altere o actual estado de coisas.
  • Em suma: o "eles" e os "não-eles" são entidades cujo sentido tem de se esbater com urgência, contudo, é provavel que sejam conceitos que nunco fizeram tanto sentido como hoje. Sobre as questões práticas para seguir por esse caminho, é ir passando por aqui (nesta esfera) e por demais locais onde haja gente com vontade e disponibilidade de influenciar a opinião dos outros pelo exercício do pensamento informado e pela troca de opiniões.
  • O fosso alastra e com ele aumentam perigos vários inaceitáveis. Acho que "eles" ainda não se aperceberam minimamente disso.

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