A televisão contra-ataca o blogue.
Muito se fala das donas de casa desesperadas, dos sete palmos de terra, dos CSI nos seus diversos aromas, do velhinho seinfeld e também (ainda que menos, parece-me) dos homens do presidente, de 24 ou do clássico ER-Serviço de Urgência.
Não há por aí ninguém que seja fã de “A EDUCAÇÃO DE MAX BICKFORD ” que passa todos os dias de semana n’a dois? Além do excelente Richard Dreyfuss tem um elenco globalmente muito bom. Quanto à trama tem como cenário uma pequena e tradicional cidade da Nova Inglaterra na qual está instalada uma Universidade progressiva (onde predominam os professores baby boomers com currículo activista nos idos anos 60). Uma universidade para mulheres com mais pergaminhos no país, do que a cidade em que se insere, acrescente-se. Dito isto não se assustem os que adivinham já na série uma desculpa piedosa para veicular acriticamente uma maneira de ver o mundo à moda liberal. O enquadramento da história, das personagens nos dilemas actuais da sociedade americana e ocidental e as sucessivas irrupções de contradições e conflitos morais fazem boa parte da série, devidamente complementados pelo humor/ironia por vezes desarmante da figura central (Dreyfuss), assim como pelo drama familiar de um pai viúvo com dois filhos jovens. Se calhar exagero um pouco, mas é tão raro ver um personagem de uma série americana rir-se de si próprio ou a disparar um pedaço de ironia (honrosa excepção para as donas de casa e para os simpsons que levam o troféu neste campo) que acaba por ser sempre um ponto a favor.
Enfim uma mistura de vários conceitos com provas dadas de sucesso na televisão que funcionam benzinho. Um bom pretexto para fechar o dia com 50 minutos de televisão num ritmo menos frenético do que é habitual. Há quem nos EUA veja nisso motivo para a adjectivar de “pretty dull” o que talvez explique não ter sobrevivido à segunda época mas ao mesmo tempo, aprofundando a pesquisa de opiniões sobre a série, tem de haver mais do que isso pois sucedem-se críticas apaixonadamente pró e contra. Um outro exemplo aqui:
“Two Academy award winning actors (three, if you count the appearance of Peter O’Toole), intelligent, well-written scripts, great insight into University politics, and a wonderfully subtle sense of humor. What the heck ever made me think that a show with all that could succeed on the same network that brought us drivel like “Touched By An Angel”, “Survivor”, and thinks Dan Rather is a good replacement for Walter Cronkite? “
Ou ainda esta centrada numa avaliação moral.
Lá por casa foi descoberta das férias e tem sido pretexto (entre outros) para deixar o blogue ao abandono, por exemplo.
Será que isto da blogoesfera está “pretty dull”? Para mim tem estado e por isso mais vale não forçar a coisa.
Nota: No Renas e Veados também já se escreveu algo recentemente sobre a série.
P.S.: Problemas na caixa de correio têm-me impedido de satisfazer os pedidos de envio da tese de mestrado que tenho em carteira. Assim que resolver o problema chegarão ao destino. Obrigado pelo interesse.