Para receberem Jorge Perestrelo.
Ele e Fernando Correia sempre foram jornalistas-relatadores desportivos muito cá de casa. Dois estilos inconfundíveis, dois estilos paradigmáticos.
Para mim Fernando Correia é só um dos melhores jornalistas portugueses (notem a ausência do qualificativo “desportivo”); Jorge Perestrelo, por outro lado, há muito que me tinha conquistado ao ponto de lhe conceder perdão eterno de forma preventiva para qualquer tirada mais disparatada.
Se Fernando Correia me ensinou umas coisitas sobre o que se deve esperar de um jornalista e sobre como se deve digerir o seu trabalho (notem que nunca privei com nenhum deles), Jorge Perestrelo, no seu estilo cheio do gindungo que aquece até ao extremo da emoção, conseguiu a espantosa tarefa de evitar falhas maiores de profissionalismo, dessas com que se cobrem com demasiada frequência polidos apresentadores e muito sérios jornalistas da nossa praça, incapazes de uma qualquer tirada de humildade redentora porque incapazes de se atreverem a uma discussão mais calorosa, a uma pergunta ou comentário com apurado sentido crítico.
“Um tipo genuíno” característica que vi hoje sublinhada por amigos e colegas nas inúmeras declarações recolhidas pelas emissoras de rádio por onde passou.
Na passada quinta-feira, como tantas vezes fizera em outras ocasiões, tive a felicidade de me decidir por baixar o som da TV e ficar a ver o Alkmaar – Sporting ouvindo o relato do filho da dona Candida Perestrelo na TSF.
Ouvi-lhe dezenas de relatos e será com imensa emoção que lhe dedicarei agradecido um simbólico aplauso das bancadas do estádio de Alvalade na próxima segunda-feira.
Para já ficamos por cá, recordando o seu “aguenta coração” e todo um vocabulário que nos emprestou, antítese de um outro futebolês que também por aí anda. E ficamos com aquele golo, aquela gargalhada, aquela revolta partilhada por alguma ofensa ao bom futebol, aquela forma única de dizer Ceportenguê…
Aguenta coração a cada jogada de maior emoção, assim queiram os deuses do futebol.
Adenda: sob sugestão dos The Galarzas este texto (clique aqui) do jornalista Luís Sobral no blogue Princípio de Pubalgia.