A propósito desta posta do JCD:
“Haja Respeito Pelas Minorias!
Se me acusarem de ser benfiquista, desminto, mas não digno que é indigno. Seria um insulto para todos os benfiquistas.
Se me acusarem de ser bloquista, desminto, mas não digo que é indigno. Seria um insulto aos bloquistas. (E à minha inteligência, também).
Então, porquê dizer que uma acusação de homosexualidade é indigna? Bastaria desmentir, não?”
um pouco de troco:
Se andassem à caça de judeus e o Estado te pedisse para pores num papel uma cruzinha correspondente à tua religião, preenchias o impresso, JCD? Afinal, bastaria desmentir que não eras Judeu para não teres chatices.
O que indigna é que ao espalhar o boato, ao transformá-lo em argumento, Santana Lopes aprovou uma lógica acusatória que envolve a orientação sexual de outrém. Há “respostas” que não podem ser dadas e é exactamente aí que deve terminar a confrontação com o boato. Exigir a quem o ouve que não se limite a ouvi-lo.
Todos devem ter liberdade para preservar um mínimo de privacidade e isso só se manterá se todos contribuirmos para recusar o escrutínio que serviu de pretexto ao boato. Nem sequer o mais discutível argumento da coerência política pode ser utilizado pois em nenhum momento Sócrates fez dos valores homofóbicos a sua cartilha.
Naturalmente o boato não procura qualquer resposta. Nem este teu post se afasta do boato em si, serve mais os propósitos de corolário de toda a campanha. Parabéns.
7 replies on “De que religião és?”
Muito bem respondido.
Deixe-me fazer o papel de advogada do diabo. Suponhamos que Santana Lopes tenha sido homofóbico de forma directa, ao insistir que não apoiaria o casamento de homossexuais (posição do agrado do eleitorado de direita), mas não na forma de insinuações. Pode ter havido essas insinuações por parte das suas apoiantes, mas isso não o incrimina a ele.
Esta hipótese é apoiada por esta notícia: http://jornal.publico.pt/2005/01/30/Nacional/P01.html
Na televisão, vi apenas a parte em que o senhor dizia, a propósito de declarações fiscais: “Não tenho casa própria nem carro e não sou um bom partido”.
De acordo com os defensores de Santana Lopes, teriam sido os jornalistas a perguntar-lhe se ele preferia aqueles “colos”, ao que ele terá apenas respondido afirmativamente. A pertunta brejeira (talvez sem segundas intenções), resposta despreocupada.
Esta tese é comprovada com o artigo assassino de Ana Sá Lopes que, apesar de tudo, fala em primeiro lugar do carácter “femeeiro” do candidato.
Mesmo não gostando da peça… e se estiver efectivamente a ser alvo de uma injustiça?
Tudo bem, caro Rui.
Só que o teu argumento cai por terra porque Sócrates desmentiu o boato. Depois do desmentido, só ficou o indigno.
Saudações liberais
jcd
L: seria irónio que o Pedro tantas vezes clamásse que havia caído ao poço que quando efectivamente caiu ninguém lhe acudiu. Outra cabala como a das sondagens?
JCD: se desmentiu caiu na esparrela e sobre isso já está tudo dito lá em cima. Fica ao critério de cada um comparar as indignidades, a do boato e a da resposta de que falas. Não me sobram dúvidas quanto ao contributo que toda esta história me dá quanto à minha decisão de voto. Não serei o único a ter ficado enojado com o apelo ao que de mais canalha há em nós. Estão criadas as condições para Boato = Boomerangue.
Rui, não vi essa entrevista de que todos falam. Mas a fazer fé no que se lê o homem caiu mesmo na esparrela (para seguir os teus termos). E não precisava. Acho que o jcd não esteve nada mal. E devasta (não a ti, não a sócrates, mas a muito gente) num post seguinte.
E se se passasse À frente?
Troco dado em “posta” fresquinha, ali mais acima.
Na minha opinião a questão central não é se é boato ou não. A questão é a baixeza dos argumentos utilizados. Na verdade não estamos a escolher marido,pois não? e mesmo que estivessemos seria questionável