Categories
Política

Traçar limites

Jovem… Se achas lícito restringir o acesso de um cidadão com menos de 35 anos à possibilidade de se candidatar à presidência da república então terás de achar lícito qualquer regulamento de condóminos por mais “curiosos” que sejam os seus preceitos… E que tal sortear um condómino em cada ano para servir de repasto na ceia de Natal? Só lá compra casa quem quer, não é João Miranda?
Felizmente a nossa constituição – uma lei que livremente decidimos servir de referência para garantir e ao mesmo tempo limitar liberdades – não permite “americanices” desta laia, permitindo ainda assim, no limite, que um dia mais de meio país de Joões Miranda alterem este estado de coisas.

O João não é um liberal, é apenas um tipo absecado por tentar ver e fazer ver o mundo por uma construção teórica absolutamente lógica completamente desajustada ao meio que pretende servir: um espaço repleto de seres persistentemente complexos aos olhos dos seus pares, amiúde irracionais que inventaram o pensamento lógico. Parece-me até que presta um mau serviço ao que mais presa pois ao atirar a sua teoria como arma de arremesso para todas as causas e contextos retira-lhe a dignidade e obscurece as propriedades que tem em situações mais restritas.

Ou então o João anda apenas em busca de uma ajuda. De alguém que com ele encontre os tais limites, a perfeição de estado em que a teoria não esteja nem a mais nem a menos e seja apenas perfeita.
Mas isto sou eu a divagar armado em analista.

P.S.: Brincando (é melhor avisar) apetece-me dizer que o exemplo mais gritante de limitação de acesso a um condomínio que eu conheço – pela complexidade de ingresso e formas contratuais previstas – é o de um estabelecimento prisional. Não vai preso quem quer, apenas quem pode… Ora se estas limitações são lícitas então a defesa que o João faz do regulamento do condomínio deve ser válida, não?

Adenda: já há muito tempo que não tinha pachorra para dar troco de forma mais sistemática ao João. Hoje decidi recordar os bons velhos tempos. Estão à vontade para passarem pela caixa de comentários do Blasfémias. O debate fez-se por lá.

Categories
Ciência e Tecnologia

A aldeia que não cruza os braços II

Depois do destaque no DN a propósito do dinamismo educativo e ludico-cultural, hoje chegou à RTP (canal 1 – Jornal da Tarde) outra notícia que aqui antecipei a 27 de Dezembro: uma aldeia num dos concelhos mais pobres e despovoados do país passou a ter acesso wireless à Internet com o patrocínio da Junta de Freguesia.
Haja utilizadores entre os cerca 600 de habitantes e os muitos “residentes ocasionais” e que seja útil o investimento público que quanto ao espírito de iniciativa o elogio é imediato.
E viva a Benquerença, a aldeia em questão.

Categories
Política

Como separar o trigo do joio?

Já muitos os citaram na blogoesfera. Chego tarde mas a pertinência do ensaio justifica plenamente a minha insistência. Eduardo Lourenço em A Depressão como Alibi.

Que sirva de inspiração a quem escreve o Adufe e a quem o lê agora que estamos à beira de um evento democraticamente relevante.

Aos políticos que se vejam como cidadãos e aos cidadãos que se imaginem como políticos. Talvez assim possamos saltitar de pedra em pedra por entre o mar de demagogia, truques e tramoias que se adivinham já na boca de alguns e nas palavras escritas de tantos.

O trabalho deixa pouca margem mas sempre que puder vou tentar arregaçar as mangas na separação entre o trigo e o joio. Há uns quantos por esta esfera com o mesmo propósito, felizmente!

Categories
Viagens

Um pilhão autonomizado

Foi preciso ir ao nordeste de Itália (Trieste) para encontrar um pilhão autonomizado.
Por cá ainda não tive a sorte de encontrar nenhum dignamente ornamentando a via pública assim, independente, todo cheio de importância recicladora: um pilhão!
pilhao.jpg

Categories
Letras e Livros

Decisão do ano

Tenho algum receio de publicar por aqui decisões pessoais para o ano, principalmente porque demasiadas vezes a verbalização (e a respectiva escrituração) parecem lançar sobre as decisões uma espécia de má sina.
Ao menos uma… Ler um livro em cada mês, pelo menos um. 2004 foi, nesse aspecto, um ano para esquecer.
Eles ali estão, talvez vigilantes, na estante, sempre de meio fio a oferecer-me o lombo na esperança de um cara-a-cara.

Vamos a ver se às palavras se seguem mais palavras.

Categories
Uncategorized

Pendurado (com os olhos) na parede

Parecem as marcas de dois projecteis cravados na parede mas são apenas duas provas da qualidade farinácea do reboco cá de casa… E assim viajo por um momento a casa dos meus pais. Ainda que quase trinta anos separem a construção das duas obras de arte há um traço comum muito forte no edificado português.

Bem vistas as coisas são simpáticas estas paredes… Não deixam margem para atribuir culpas ao aprendiz de bricolage, por mais nabo que ele seja. Paredes bem portuguesas, portanto.

Categories
Política

2005 um bom ano para limpezas

O primeiro contacto com o Adufe em 2005 foi encontrar na caixa de comentários mais de uma centena de mensagens alusivas a todo o tipo de ofertas pornográficas… Limpeza. Este será certamente um desejo perene para 2005. Limpar a casa de prendinhas não desejadas.

Primeiro limpemos as nossas casas, depois talvez faça sentido congeminar pactos e grandes consensos… Mas haverá alguém com a casa suficientemente limpa?

“(…) Sócrates, José
É a próxima e grande incógnita. Ganhou, com mérito, uma feroz e impudica campanha interna no PS e já vê muitos dos adversários de então a lamberem os estribos do seu cavalo. Entre os méritos públicos demonstrados no Governo de Guterres e os boatos privados de que é alvo constante, não demonstrou ainda a capacidade de se impor por si e pelas suas ideias. O pior que lhe pode acontecer é vencer sem convencer. O último que o fez chamava-se Durão Barroso e, assim que pôde, tratou de se pôr ao fresco.

Miguel Sousa Tavares no Público de ontem.