Com base num estudo técnico que recomenda ao governo o encerramento das maternidades que realizem menos de 1500 partos por ano – número mínimo aceite pelos técnicos para garantir o desenvolvimento de competências críticas que assegurem os elevados padrões de qualidade na assistência à maternidade num país desenvolvido – o governo prepara-se para fechar quase todas as maternidades do interior do país.
Reduz-se a despesa pública (a confirmar) com o pretexto fundamentado de que é para o bem das populações.
Suponho que qualquer iniciativa privada de prover este serviço que desaparece venha a ser barrada pelo mesmo governo invocando os mesmos motivos que se prendem com a saúde pública.
Dito isto porque é que não consigo louvar o Governo? Serei um irresponsável que vai contra o que dizem os especialistas? E parto do princípio de que falamos mesmo de especialistas com currículos e integridade à altura da responsabilidade do dito estudo.
As minhas sérias dúvidas prendem-se com a situação alternativa que se criará. E justifico-me apenas com uma pergunta que julgo muito pertinente se atendermos às largas dezenas e, em alguns casos, mais de uma centena de quilómetros que distarão alguns povoados da maternidade mais próxima:
Quantos partos por ano terá que realizar a tripulação de uma ambulância para respeitar os padrões mínimos de sucesso dignos de um país desenvolvido?
Leitura recomendada: Nascer aqui – Jornal do Fundão