Estive três semanas de férias entre outras coisas a tentar saber se Portugal existe. Porque não? Há doidos para tudo.
De caminho evitei as cidades, os nossos seculares ajuntamentos. Dei uns pulos a Espanha, incursões rápidas de olhos bem abertos ao que havia para “ver” na raia e obriguei-me a regressar caminhando por distintas fronteiras.
A estremadura espanhola oferece-nos boas estradas de Damasco de trazer por casa, concentrados de deserto para peregrinações relâmpago a lugar nenhum.
“Descobri” que paira uma imensa tempestade de areia pelo nosso país, mas ele existe, persiste e em certos sítios goza com o que escrevo, com o que me apoquenta.
É só areia que o esconde, mas vivesse eu no deserto, estivesse habituado (ou avesado como se diz na Benquerença) e nunca diria “é só areia”. Enfrentar a tempestade é o verbo errado próprio de incautos, distraídos e perdidos. Há que sobreviver-lhe, perceber-lhe os contornos, a direcção, as voltas e contravoltas.
De onde vem este vento, que areia é esta? Um bando de putos brinca sem maneiras, humildade ou humanidade no adro do País e levanta esta poeira desgraçada fustigando os mais próximos primeiro e desorientando todos pouco depois. Há muitos “tipos” à disposição para quem é apanhado pela poeira… Queira escolher o seu.
Aqui pela blogoesfera encontro tudo como deixei, cheio de areia por todos os lados; o Adufe esse já nem se via ao fim de tanto dia sem uma varridela mas nesse caso falo de pó, do pó que cobre as campas pelos séculos o que é uma coisa bem diferente. Como estará o Adufe daqui a três semanas de aprumo? Lançando vento como os demais? Lacrimejando das picadas de areia?
Quem me dera ser sábio para juntar os frutos do saber à vontade de fazer coisas.
Quantos dias conseguirei manter a serenidade que trago das férias? Esta sensação de planar por sobre a poeira perdendo altitude devagarinho à velocidade a que a angústia aumenta.
Sabedoria e inquietação. Não é possível a primeira sem a experiência, nem a segunda sem experimentar, mas as duas juntas… Coisa difícil.
“Se o jovem quisesse e o velho pudesse…onde ficaria o impossível?”