Num dia em que me senti um ser de plástico procurei uma colher de plástico para mexer um café adoçado vertido num copo de plástico.
O café era próprio para seres de plástico que raramente bebem café num copo de plástico ou em qualquer outro tipo de vasilhame.
Lançando a cega mão na caixa de plástico que guardava as colheres, ergui um detrito de plástico que tentára ser um objecto útil no transporte ordenado de colheres de plástico próprias para mexer o açucar despejado sobre o café.
Sem saber o que pensar do detrito e sem saco de plástico no caixote de metal que recebe os lixos do escritório, guardei a peça.
Mais não é do que uma antiga roda com seis aros. No círculo exterior da roda estiveram fixas vinte colheres de plástico presas por uma frágil língua de plastico.
A roda já não tinha colheres e era agora detrito, em parte por ser inútil, mas principalmente porque, sendo de plástico, se encarquilhou quando passou perto de um qualquer calor intenso, mais intenso que o de um café vertido num copo de plástico.

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Há quem conte até 10 para se acalmar. Há quem beba umas e outras para esquecer. Há quem exponha o rídiculo sempre que pode independentemente das consequências. A mim hoje deu-me para isto. Um texto de plástico, sem odor, sem sentimento, sem sentido.

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