Remexendo os restos de um proto-blogue desencantei estas história de cem palavras:

I

Colher

Não é colher é ser-se colhido.
Manhã cedo há a procura de um comboio. Segue-se viagem como ontem até que um dia o comboio pára onde não deveria: está vermelho o sinal.
«Senhores passageiros a circulação regista atraso. Foi colhido um indivíduo entre Queluz e Massamá. Pelo facto pedimos desculpa.»
À minha frente no comboio alguém pergunta se estava maduro, o indivíduo; ao meu lado pragueja-se pelo atraso; nos fones, aos meus ouvidos, o agricultor diz que a chuva em Junho já fez a colheita das cerejas.
Quando o comboio passa onde foi colhido um indivíduo, também faz pouca-terra?

II

Praia sem Headphones

Joãozinho! Não tire o chapéu!
Xaninha deixe o cão do senhor!
Ó meu estupor, se me acertas outra vez com essa bola!…
Joãozinho não vá para a água que molha a camisola!
JoJó! Você já viu que está todo cheio de areia?
Cajó! Sofia! Venham comer!
Mário Augusto, olhe que apanha!
Nelinho, não há gelado! Acabaste de comer um papo-seco!
Gustavo! Desenterra já o teu irmão!! Onde é que está o Sinopi?
Mãe! Olha o balão que apanhámos na água!
Chico! Deixa a lambisgoia e vai acudir ao teu filho que se picou no paaaixe!

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