Retirado do Expresso da notícia:
JUSTINO MANTÉM ‘BIG BROTHER’ NOS MANUAIS
“(…) Uma fonte oficial disse ao EXPRESSO que o problema não é dos manuais mas do programa de Português homologado por Ana Benavente secretária de Estado da Educação nos Governos de António Guterres. A mesma fonte (…) disse ser impossível revogá-los [aos programas em vigor] porque os editores ameaçaram pedir uma indemnização de muitos milhões de contos. Garantiu que em 2007 haverá um novo programa, onde a literatura voltará a ter mais peso. O que significa que até lá, vão continuar em circulação os controversos manuais, a menos que as escolas optem por não os adoptar. O Ministério da Educação desistiu, entretanto, de ter uma comissão para avaliar os livros escolares, apesar das repetidas promessas de David Justino enquanto deputado e já governante. Os elevados custos que implicaria ter um grupo apenas dedicado a testar a qualidade dos livros escolares (são centenas no mercado) – foi determinante para pôr a ideia de lado. Em sua substituição, haverá um «ranking» dos manuais mais adoptados pelas escolas. A publicação da lista dos manuais mais e menos procurados pelos professores será conhecida em Novembro, segundo revelou a mesma fonte”.
Os sublinhados são meus.

Comentário versão português suave:
É aqui que se começa a perder Portugal. Mas em 2007 talvez comecemos a ter país outra vez.
Aproveito ainda para lembrar um exemplo das consequências (que agora se propõe amplificar) da bondade da opção das escolas quanto aos potenciais manuais escolares. Queiram espreitar aqui.

Comentário versão português:
Caro ministro…
Então trata-se de um problema de dinheiro, uma indemnização tenebrosa de milhões de euros. E tudo por culpa de um programa aprovado pelo governo anterior? Se bem percebo e não houve gralha, vamos esperar até depois do fim desta legislatura para resolver a questão e, por junto, reavaliar os programas (outra vez) que estão muito maus.
Deve ser por isso que o actual Primeiro precisa executar o país até 2010… Ou seja, é necessária uma reeleição para termos esperança. Vou votar em si… E começo já com as seguintes palavras.

Será que não há nesse governo imaginação para contornar a ameaça, para negociar evitando a despesa e assumindo a qualidade do ensino como primeira prioridade?
Quando as prioridades estão claras tudo é mais simples. Desconfio que infelizmente a cegueira pelo controlo do deficit já perturbou intelectualmente muita gente no governo. Porque nem eu consigo aceitar como um facto adquirido tamanha tacanhez e falta de engenho. Houvesse um mínimo de garra…
Se nós, e as crianças, podemos esperar até 2007 não será possível que os editores, para garantirem negócios futuros com aquele que poderá (ou não) continuar a ser o seu principal patrocinador, engulam ou minimizem drasticamente o pedido de indemnização? Como vê mesmo sem refutar os obstáculos e factos que dá como adquiridos (a culpa do anterior governo que se prolongará a mais de 6 anos após o seu exercício executivo, o vínculo contratual com os editores) espero de si outra solução.

Mas para que raio foram para o governo se estão agarrados às deliberações do PS a mais de uma legislatura de distância? Nem quando o que está em causa é o tal segredo do sucesso dos outros (ah a Irlanda, o el dourado), a aposta na instrução, num ensino inteligente para pessoas que se querem hábeis e realizadas, há deliberações determinadas?

Vou admitir que tudo é mais complicado, que o Expresso não foi justo, que deturpou um bocadinho aqui e outro bocadinho ali, até lhe dou essa defesa que, aliás, muito descaradamente outros seus colegas dispensam fazendo questão de berrar medidas indiziveis entre seres inteligentes… Mas, caro Ministro, se metade das justificações presentes e das soluções de emergência propostas nesta notícia forem verídicas que tipo de serviço está a prestar ao país? Não consigo perceber o sentido, o rumo certo nas entrelinhas…
Ah, mas temos as propinas e a Casa Pia e o Euro 2004 e o plug off que um a um os portugueses em curto circuito vão fazer alegremente para evitar a moinha diária que vem atacando a cabeça, inexorável, atordoante, humilhante… Como o desemprego. Parece que querem que fiquemos desempregados deste país.

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