A propósito da malária e do exemplo prático dado por Bill Clinton/Fundação Bill Clinton e aqui sublinhado pelo Terras do Nunca aproveito para deixar um grande abraço (e um beijinho) à Susana Campinas (pode ser que um dia algum motor de busca te traga a este blog). E saúdo-a por ter participado na equipa suportada pela Fundação Gulbenkian que tem conseguido alguns avanços assinaláveis na investigação dessa doença.
A Susana tem 28 anos, andou comigo na primária, não temos mantido grande contacto, vou sabendo dela indirectamente, mas sei que está por estes dias em reclusão total preparando a tese de doutoramento que irá defender nos próximos dias numa universidade do norte da Suécia.
O maior receio dela e de muitos outros investigadores é o futuro. O futuro profissional, a velha questão de não haver investimento na investigação científica. Mesmo com provas dadas, mesmo com um currículo brilhante não há nenhuma certeza de poder continuar a assegurar o seu sustento fisiológico e intelectual em Portugal.
O destino da Susana será muito provavelmente a Inglaterra, ou os Estados Unidos, outro que não o seu país.
Pode ser que um dia o trabalho dela e de muito outros investigadores nos venha a ser muito útil. Se-lo-á para as regiões onde a doença persiste e poderá sê-lo também por aqui. Falo de cor mas lembro-me de cenários de evolução climatérica que apontam para a possibilidade do regresso da malária à Península Ibérica. Assim subam as temperaturas médias, os níveis de humidade e o mosquito reaparecerá com a sua terrível carga.
Curiosidade: sabiam que há no concelho de Coruche portugueses com fortes resistências genéticas à infecção pela malária? Foram séculos de selecção natural, a conviver com a doença. Quando é que a malária foi erradicada de Portugal?