Categories
As Crónicas e os Contos

O Pão

Está na hora de ir à praça, pelo menos para mim que preguiço aos Sábados. Mas o verdadeiro, o genuíno entendido já estaria de regresso com os sacos cheios dos mais frescos e mais saborosos. Aqui vêm eles rua a baixo com o som dos plástico a roçar nas pernas a entrar pela minha janela, completando este escrevinhar com uma simpática banda sonora.
Ora ouçam:

…”Bom dia vizinho, como tem passado? Belos marmelos aí trás. Eu já a fiz na semana passada. Hei-de-lhe levar um frasco para provar.”…

Há lá na praça perfumes especiais, odores telúricos, lembranças da criação para quem as trás no rol das saudades. Hipermercados? Só para emergências e geralmente para tristes e caros remedeios.

Venho de uma terra de boas praças, bem abastecidas por dedicados saloios. O pão era (e é) o ex-libris. Um fabuloso achado de Achada – Mafra. Um pão com raizes no palato de quem o come, bem cuidado por uma empresa familiar.
Confesso, agora que me mudei para a cidade, e depois de 7 ou 8 tentativas, que ainda não arranjei um pão à altura. Nem aqui na dinâmica praça de Arroios. Vai escasseando a esperança.
Enfim. Deixa-me cá ir telefonar…

“Ó mãe, reserva-me aí um de Mafra! E umas bolas de mistura.”

Categories
Uncategorized

Receive and transmit

Signal To Noise

you know the way that things go
when what you fight for starts to fall
and in that fuzzy picture
he writing stands out on the wall
so clearly on the wall

send out the signals deep and loud

and in this place, can you reassure me
with a touch, a smile – while the cradle’s burning
all the while the world is turning to noise
oh the more that it’s surrounding us
the more that it destroys
turn up the signal
wipe out the noise

send out the signal deep and loud

man i’m losing sound and sight
of all those who can tell me wrong from right
when all things beautiful and bright
sink in the night
yet there’s still something in my heart
that can find a way
to make a start
to turn up the signal
wipe out the noise

wipe out the noise
wipe out the noise
you know that’s it
you know that’s it
you know that’s it
receive and transmit
receive and transmit
receive and transmit

Peter Gabriel

Categories
Política

Liberdade

Esta entrada no Weblog serve para eu guardar para a posteridade – para a minha história, se viver anos suficientes para lhe poder chamar isso – uma pequena imagem do Portugal de hoje. Faço-o despejando para anexo dois artigos de jornal e um de opinião. Todos do Público de hoje.

E faço-o porque:

O artigo de Miguel Sousa Tavares passa a mão por um quisto visível que ameaça abrir ferida com potencial risco de vir a gangrenar pelas atitudes do nosso poder executivo: a questão de assegurar a restrição à concentração excessiva nos “media”.
Lapidar quando define os requisitos mínimos de um estado de direito democrático e quando qualifica a recusa em discutir e fazer aprovar uma lei anti-trust por parte dos partidos que suportam o actual governo como sendo uma actitude “típica de uma certa direita sem “curriculum” democrático, que confunde governação democrática com eleições periódicas, confunde justiça social com caridade e confunde liberdade com liberalismo”. Uma direita que também temos algures aqui nesta blogo-esfera.
Coerente quando acusa com a violência dos princípios antes defendidos e agora tão claramente violados pela sua colega Maria Elisa na novela que protagoniza. Salva-se Vicente Jorge Silva, mas algo me diz que, catalogado como anti-corpo, não quererá (e não poderá?) continuar a dar alguns bom exemplos no parlamento durante mais legislaturas. Só pela atitude que tomou já valeu a pena Vicente Jorge Silva ser deputado.

Mas faço-o também porque:
Fiquei espantado com o que se passou num Tribunal de 1ª e 2ª Instância deste país. Não só neste recente caso da Casa Pia como, aparentemente, em muitos outros desde 1987. A Constituição nos direitos mais elementares dos cidadãos e nos preceitos mais básicos para se fazer justiça tem sido sistematicamente violada em prejuízo de todos.
Quanto a este caso concreto, o TC (Tribunal Constitucional) sentiu necessidade de pedagogicamente reexplicar como o juiz de instrução deve agir: “proceder a uma ponderação concreta, face à autoria e conteúdo dos depoimentos, entre, por um lado, os interesses da defesa e, por outro lado, os interesses da investigação criminal e da protecção de testemunhas especialmente vulneráveis”. O TC diz que não basta o juiz falar em “fortes indícios”, prática de “crimes”, é indispensável “A comunicação dos factos ser feita com a concretização necessária a que um inocente possa ficar ciente dos comportamentos materiais que lhe são imputados e da sua relevância jurídico-criminal, por forma a que lhe possa ser dada ‘oportunidade de defesa'”. Foram identificadas inconstitucionalidades nos interrogatórios exclusivamente sobre questões abstractas, na negação do acesso em tempo útil a um mínimo de provas que sustentam a medida de coação aplicada (provas necessárias a que se pudesse elaborar um pedido de recurso fundamentado), bem como, na rejeição do próprio recurso para instância superior em jeito de pescadinha de rabo na boca. Di-lo o Tribunal Constitucional, por unanimidade (coisa rara). Quantos portugueses se viram privados do cumprimento das mais elementares regras que o próprio bom senso dita?
Neste caso, houve recurso para o TC e este não está fora do sistema judicial. Ainda há esperança que se respeitem os procedimentos para que se faça justiça.

Categories
Uncategorized

Almourol pela Ana Simão

Categories
Política

Anda uma "ruimdade" no ar…

…o ruim já terá “limitado avarias” lá por casa e regressa com vários textos. E que beleza de síntese em “A face da justiça“.

Categories
Ecologia e Natureza

E se… – Reciclagem – Opinião Vi

Já foi publicada a 1ª parte * Já foi publicada a 2ª parte ** Já foi publicada a 3ª parte *** Já foi publicada a 4ª parte **** Já foi publicada a 5ª parte ***** Já foi publicada a 6ª parte ****** Já foi publicada a 7ª parte ******* Já foi publicada a 8ª parte ******** O que está em questão? A reutilização de embalagens é solução? Pagar a quem produz o lixo para o separar é exequível? Como rentabilizar o processo de reciclagem? Como aumentar os índices de lixo reciclado? O que é reciclável? O que fazer com o que não se recicla? Que experiência de reciclagem há noutros países? Da discussão entre os dois interlocutores que vos vou apresentar fiquei a saber mais um bocadinho sobre estes problemas. É isso que quero aqui partilhar. Estejam à vontade para entrar na discussão. Opinião de Henrique Agostinho (resposta a João Miguel Vaz ): "sugiro-lhe que se iniciem campanhas porta-a-porta de sensibilização das pessoas, que lhes seja explicado o porquê da necessidade de reciclar… Efectivamente, a reciclagem só funciona quando houver um prémio real para quem recicla. Quem não separa os resíduos deve ser penalizado, talvez monetariamente." Temos aqui duas ideias importantes, e algumas nuances em cada uma delas: A sensibilização – Há semanas vi num estudo que 80% dos portugueses afirmavam separar. Eram notícias excelentes, não fosse o problema de as ditas embalagens não aparecerem no ecoponto. Olhando um pouco com mais atenção para o estudo percebe-se que a resposta foi induzida, ou seja, perguntava-se em primeiro lugar se a pessoa era amiga do ambiente e logo depois se separava, só uns 20% de ignorantes é que não perceberam a indirecta. Esta história interessa para explicar que 80% das pessoas estão sensibilizadas, sensibilizadas ao ponto de mentirem sobre o assunto. Alguma vez mentem quando se trata de ir votar? Não, a abstenção não as envergonha, mas a reciclagem sim. Isso é uma vitória, é um código postal para a coisa (meio caminho andado). A reciclagem é vista como um bem para a maior parte das pessoas e essas mesmas pessoas acham que o deviam fazer. Mas então, se estão sensibilizados, porque raio não o fazem? Porque é muito difícil explicar-lhes o "porquê da necessidade de reciclar". Porque o ambiente e as gerações futuras são muito distantes, pouco práticos e as pessoas quando confrontadas com a preservação do ambiente encolhem os ombros como se lhes estivéssemos a pedir para tapar o buraco do ozono. De que me serve então os contactos porta a porta, ou os contactos via media, se eu tenho é um problema na mensagem. Que raio se pode dizer às pessoas para elas pensarem "ih poizé vou mesmo começar a separar". É um problema parecido com os avisos nos maços e tabaco. A informação está lá, mas alguém deixa o vício por causa disso?

Categories
Uncategorized

Me gusta Almodóvar

Me gusta Manu Chau
Me gusta James Stewart
Me gusta Hitchcock
Me gusta Agnès Jaoui
Me gusta Caetano
No me gusta la marijuana, coca ou heroína
Me gustas tu.

Categories
Uncategorized

Mais uma epístola…

Os arguentes que aqui tenho trazido para debaterem e promoverem a reflexão sobre a reciclagem continuam com entusiasmo. Acabei de receber mais um contributo de Henrique Agostinho que, respondendo ao repto de João Vaz, partilha connosco algumas das reflexões e medidas que tem tentado promover no seio da Sociedade Ponto Verde.

Quando encerrar a divulgação desta série de “mini ensaios” procurarei deixar aqui na página principal um link (uma categoria) que permita manter durante mais algum tempo a memória deste tema. Algo muito difícil na voragem do tempo que surge tão evidente neste mundo do instante que acaba por ser a blogo-esfera. Será assim possível uma espécie de reciclagem de palavras escritas com paixão. Daqui a pouco publicarei o contributo a que aludi.
Gostava que vos servisse de alguma coisa, como aliás desejam os “ensaístas”.

Argúcia nas medidas, civismo nas relações e bons propósitos nos objectivos. Uma tríade necessária e alcançável… Já me calo!

Categories
Palavras dos Outros Política Portugal

Finalmente!

Finalmente lá encontrei um texto do Luis Delgado com que consigo concordar minimamente. À falta de grave provocação ao Ex.mo Sr. Doutor Juiz que desconheço, o Luis Delgado tem razão ao dizer: Demita-se!

Demita-se, senhor presidente do Tribunal da Relação. O que fez é inadmissível, inaceitável, insustentável e não pode ficar impune. E, já agora, porque é que está tudo tão calado com esta actuação indescritível, imponderada, insensata e autoritária de um homem que está numa função que exige um perfil rigorosamente oposto do que demonstrou.

Estranha face visível tem este juiz, de facto.

Categories
Uncategorized

A IF não acabou

A IF não acabou.
Está a cantar baixinho, parada, num caminho escuro à espera da aurora.
A IF não acabou.
A maioria das aves que migram orientam-se pelo sol, mas há espécies que preferem utilizar as estrelas como bússula.
A IF não acabou.
Enquanto procura de novo “a casa”, embrulhar-se-á na imensa rede e ficará à espera do download de quem a amar.
A IF não acabou.
Observa bem e sente ! Sente mais do que vês – a escura noite, tornando-se, lentamente, em clara madrugada.
A IF não acabou.
“Há um traço azul no futuro incandescente”.
in Ã?ntima Fracção – “O blogue”.

Menos uma pérola na TSF… Mas pelo que se lê hoje no blog da IF, valeu a pena dizermos que existimos (os ouvintes). Aguardemos boas novas do Francisco Amaral.