O inimigo insinuou-se com umas gotas no início do Domingo. Converteu-se depois numa chuva relaxante e intensa pouco dada a intimidades com grandes ventanias. Com o cair da noite o inimigo revelou então a sua carta de intenções. Aliou-se ao tenebroso trovão e massacrou com intensidade inesperada todos os pontos estratégicos da capital.
Em poucas horas a cidade e arredores ficaram de rastos:
– linha do norte cortada;
– autoestrada do norte cortada;
– autoestrada do oeste cortada;
– marginal de Cascais cortada;
– metade da cidade de Lisboa com abastecimento de gás limitado;
– vários concelhos limítrofes sem fornecimento de electricidade;
– parte da cidade sem abastecimento de água;
– circulação do metropolitano com limitações;
– circulação ferroviária com graves perturbações;
– andar de automóvel no seio da cidade é bom para a actividade dos reboques;
– no resto do país felizmente é quase só paisagem.
A todo o momento estamos à espera de ficar sem electricidade. A trovoada aproxima-se. O inimigo não continua implacável.