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O que diz António Costa sobre a detenção de José Sócrates

António Costa há instantes num SMS que enviou aos militantes que creio fazer sentido alargar ao país:

“Caras e Caros Camaradas, Estamos todos por certo chocados com a notícia da detenção de José Sócrates. Os sentimentos de solidariedade e amizade pessoais não devem confundir a ação política do PS, que é essencial preservar, envolvendo o partido na apreciação de um processo que como é próprio de um Estado de Direito, só à Justiça cabe conduzir com plena independência, que respeitamos.
Ao PS cabe concentrar-se na sua ação de mobilizar Portugal na afirmação da alternativa ao governo e à sua política.
Um abraço afectuoso do António Costa”

E isto é o essencial.

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PS: Nota final para preparar os dias seguintes

Sobre o discurso de ontem de António Costa, gostei da referência genérica a todo partido e compreendo não ter havido referência particular a Seguro. Fazê-lo exigiria entrar em níveis de hipocrisia que não acho saudáveis porque geradores de um momento claramente inverosímil para todos os que acompanharam a campanha (tendo ou não participado no ato eleitoral).
O discurso final de Seguro foi digno, sim senhor. Já o que fez e disse na campanha, nem de longe, nem de perto, e espero que uma das lições desta campanha para os próximos anos seja precisamente a de que há um caminho de confronto que não é curial nem proveitoso para quem o trilha. E que, no fundo, é profundamente indigno e destrutivo. Felizmente, provou-se, essencialmente, auto-destrutivo.
Dito isto, hoje é um novo dia, há que fazer para todos os que são militante, simpatizantes e eleitores potenciais e continuo a dizer o que dizia há meses em público e em privado: unido o PS pode ser o partido mais competente para governar o país. Como? Com todos os neurónios disponíveis, acarinhando a tarimba política (não sei AVANÇAR sem valorizar o saber acumulado e sem olhar com crítica CONSTRUTIVA sobre o passado coletivo) e combinando-a e equilibrando-a com a audácia dos que procuram além da ortodoxia nacional e internacional a reação sustentável a uma realidade complexa, que seja corretamente interpretada e publicamente exposta de forma a envolver todo o país.
Será por aqui que o PS poderá constituir-se como a melhor opção para os próximos governos do país, guiado pelo serviço aos interesses populares que desde sempre justificaram a sua existência e o seu papel na sociedade portuguesa.

Já temos um bom princípio…

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Porque me afastei progressivamente de Seguro

Afastei-me progressivamente de Seguro (ou por outras, acabou-se-me a paciência para lhe dar o benefício da dúvida) precisamente porque não lhe encontrei nem um fio de raciocínio (diferente do status quo) que nos pudesse guiar pelos conturbados tempos que ainda temos pela frente, nem uma compreensão do passado recente que me parecesse adequadamente ajustada à realidade. Imaginem portanto o que penso quando vejo esta aposta estratégica da sua campanha em que se apresenta como o tipo que quer discutir ideias. O sensação de ridículo impera. Mas a tragédia é que provavelmente esta lacuna de substrato não é reconhecida, provavelmente pensará (pensarão) que conseguiram mesmo uma grande coisa ao nível das propostas e que são os justos defensores da verdade passada onde tantos são reduzidos exclusivamente à condição de culpados, traidores e, objetivamente, inimigos a abater. Não restem dúvidas, os inimigos para quem se entrincheira desta forma, estão dentro do partido e são eles próprios, de si mesmos.
Juntando a isto a superioridade moral, a antinomia campo-cidade, rurais-urbanos, genuínos-falsos, simples-cultos, fieis-infieis, altruistas-egoistas, esforçados-oportunistas, vítimas-agressores, só me obriga a constatar que haverá um estreitíssimo caminho para a paz no PS num dia seguinte. O PS não pode repetir esta argumentação separatista que nada, mas mesmo nada, tem a ver com a discussão de ideias como qualquer cidadão dotado de juízo consegue compreender.
Estamos perante um supremo castigo que, este sim, dispensávamos: Seguro e a sua direção, em muitas das práticas que usam e na forma como dirigem e constroem a sua mensagem, são uma versão degradada e degradante do pior que este governo tem oferecido ao país. Tudo isto, mais que não houvesse, bastaria para ter de apoiar determinadamente quem se lhe opõem com um módico de elevação. No caso, António Costa.

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O que vale um líder?

Seguro foi, objetivamente, um líder medíocre. Esforçado, dedicado mas insuficiente em vários parâmetros que poderemos discutir se para alguém, passados estes três anos, ainda não forem evidentes. Muitos, uma clara maioria de militantes do PS, atrevo-me a dizer, perceberam isso. Um deles teve a ambição e coragem para se chegar à frente a apresentar-se dizendo: “Eu consigo fazer melhor e creio que é a vontade maioritária do partido que me seja dada a oportunidade de o demonstrar o quanto antes. Eu tenho melhores hipóteses e condições de ser primeiro-ministro.”  Não tendo sido um tontinho isolado, mas antes um protagonista de uma maioria de vontades, foi imediatamente apoiado e está a sê-lo por todo o país. Só não vê quem não quer ver. E esta é uma mensagem política poderosa.
O que um líder não medíocre e convicto da sua certeza teria feito de imediato era aceitar a clarificação democrática. Como aliás creio sempre ter sido feito na história do PS. E isto é o fundamental que está em causa. Qual é o melhor líder para o PS e qual o melhor líder que o PS tem para apresentar ao país.
Ignorar esta realidade política incontornável, enterrá-la por baixo de manigâncias e conversões a reformas contra as quais se definiu a própria direção atual do PS quando foi eleita, desvalorizar esta realidade enquanto aspeto crítico num partido que quer protagonizar a governação do país  é um absurdo político que não consigo entender. É, ironicamente, a prova definitiva de que António José Seguro não tinha, nem tem as melhores condições para continuar a ser SG do PS e muito menos para vir a ser primeiro-ministro do país. Esta é uma razão necessária e suficiente para se mudar de liderança. Política simples e cristalina.

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Seguro: um Renzi Serôdio?

“(…) Seguro pode ainda tentar emular Matteo Renzi.”
João Cardoso Rosas em Questões Pessoais no Diário Económico

António Costa liberta o Renzi que há em Seguro, acabei de ler no artigo de João Cardoso Rosas no Diário Económico. Um Renzi tolhido por gente má como as cobras, sabotadores por todo o lado, durante 3 anos, mas agora é que é. Graças a Costa, tudo irá mudar…

Quando se transforma uma contrariedade, alguém que diverge, que se nos opõe na arena política interna, a própria governação anterior, do mesmo partido, na personificação de todo o mal e a fonte de todos os nossos problemas só há uma coisa a fazer: consultar ajuda especializada que nenhuma contra-argumentação política poderá valer.

Nada disto é novo nas batalhas políticas – a divergência, o antigo com o novo poder, o seu conflito e mediação, o que estava e o que quer estar… O que é novo é esta interpretação completamente unidirecional. Não valeria a pena tentar de facto mudar os termos (durante estes três anos)? Quem teria o poder de ditar essa agenda de reflexão interna? Mas para quê encetar uma discussão sobre o passado, digeri-lo e recicla-lo quando pudemos simplesmente chamar ao outro sabotador?

Houve uns arremedos de generosidade pelo meio, mas onde vi falha no momento seguinte não foi em quem é agora diabolizado. Ficamos contentes connosco, arranjamos um inimigo comum para unir as tropas e… perdemos qualquer hipótese de conseguir ter um partido competente para governar. Este é talvez o maior de todos os problemas, uma permanente perceção de ameaça de um inimigo que nunca se quis enfrentar evitando assim o próprio conflito com eventuais fragilidades do nosso pensamento, da nossa narrativa e das nossas capacidades.

Continuo a achar que, do que vejo, o PS só consegue (e consegue) ser um grande partido, com os recursos necessários para a tarefa que se avizinha, caso venha a ser governo, se os melhores de todas as fações conseguirem encontrar um termo de entendimento e colaboração. Não há assim tanta gente boa e boa gente na vida política com dedicação e competência para fazer bons governos… É um facto. Com Costa no poder será também assim, a tropa não será suficiente ainda que me pareça bem mais próxima do ideal, mas com a solução atual presa numa visão a roçar a paranoia, a autoindulgência e autocomiseração não vejo como. Que se mude e depressa para se voltar a tentar começar a conversar. Com outra liderança, naturalmente. Isto não vai lá com Renzis serôdios.

 

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Algumas razões para mudar de direção e apoiar António Costa

Não estou alinhado em fações internas, sou militante recente apesar de observador atento e eleitor regular desde sempre. Tenho amigos que hoje representam várias fações. Neste quase ano e meio de militância participei ativamente no que me foi possível, dando o contributo que sabia e pude dar, inclusive em iniciativas lançadas pela a atual direção.
Sempre que pude, em privado e, com menos detalhe, em público, comentei o que me parecia bem, mal e inaceitável. Este mês cheguei à conclusão pessoal definitiva de que o trabalho global da direção do partido não me dava garantias de cumprir com o mínimos exigíveis naquilo que se avizinha uma governação extremamente complicada e não cumpria sequer, também, com a gestão política exigível de quem lidera a oposição. Os 80 compromissos disseram-me muito pelo desequilibrio das propostas e pelo vazio e/ou superficialidade com que se referia a algumas áreas críticas da governação. Das pessoas recrutadas poucas me pareceram superar valores internos próximos e distantes da direção. Para mim funcionou como um balde água fria.

Bem antes de saber das intenções de António Costa, até antes das eleições, fiz esse diagnóstico e comentei-o com quem consegui dentro do PS. Por exemplo com camarados e não militantes que participam no LIPP Movimentos Sociais, grupo em que venho participando ainda antes de ser militante e que me levou a aproximar ao PS.

A noite eleitoral, pelo resultado absolutamente supreendente do PS e pela própria gestão política da noite eleitoral foi a minha gota de água. Se hoje António Costa não se tivesse afirmado como disponível eu estaria humildemente a preparar-me para o que antecipava, provavelmente conseguiria mudar pouco, provavelmente a mistificação venceria, co msorte bons ministros até supririam a ausência de balizas políticas internas em algumas áreas setoriais, provavelmente tudo pareceria bombeiro mas eu, em particular, estaria suficientemente motivado para cumprir com o que acho seria o meu dever e direito de militante: zelar pelo que interpeto a cada momento ser o melhor para o país.

António Costa veio facilitar-me a tarefa e com facilidade me junto aos militantes que afirmam que esta é, face à ameaça e à oportunidade perdida pela atual direção, a hora certa, a última hora para se lutar por um melhor PS que se apresente às legislativas. António Costa pelas competências que lhe reconheço e pela capacidade que já lhe vi em superar obstáculos, em reunir competências e pela avaliação que acredito os portugueses fazerem da sua carreira e da sua capacidade para governar está hoje melhor posicionado do que qualquer outro militante para garantir um melhor futuro imediato para o PS e uma melhor representação num governo dos interesses dos portugueses que se revêem no PS.
E é isto, pouco mais tenho a dizer. Interessam-me pouco as manchas passadas, as guerrilhas mais ou menos abjetas havidas que on the record e off the record me chegam aos ouvidos, de parte a parte. Nalguns caso, pude refutar as críticas (apenas naqueles em que vi com os meus próprios olhos provando o seu contrário – como seja a acusação de deslealdade- via foi generosidade que não pensava possível num grande partido…) noutros não tenho como avaliar nem devo fazê-lo confiando que em várias décadas de vida política haja pecados de parte a parte.
Esta direção foi esforçada, teve alguns bons momentos, nem tudo o que fez foi mal feito, deu provas de como ganhar eleições autarquicas num parte do país mas não chega, faltou-lhe o rasgo, a audácia e a capacidade de reação atempada demasiadas vezes. Sobraram-lhe inimigos reais mas exacerbados que tantas vezes lhes tolheram e surviram de desculpa para as suas fragilidades. E hoje, por estes dias, ao insistir em negar as evidências, ou recusar encarar com humildade e realismo o que os eleitores ditaram nas urnas, garante-me uma atitude que não quero ver no PS e que sei nada de bom trará neste mundo complicado para se assumir a política. Espero que a futura direção, se vier a conquistar o partido, tenha tudo isto bem presente. Creio que sim, por isso espero que uma maioria de militantes apoiem António Costa.