Uma ironia qualquer.
Fez um cravo com uma palhinha, uns fiapos de papel vermelho e uma tira de fita cola verde.
Teve de responder com os demais, o que era a liberdade para eles. A professora comprometeu-se a fazer divulgar tal o saber da pequenada.
Veio o caminho a contar-me o que era o 25 de abril, quem tinha sido Salazar, coisas de que o pai haveria de ver nas notícias por estes dias. Tudo muito equilibrado e simples. “Salazar era um senhor que não se dava muito bem com as pessoas que pensavam pela sua cabeça.” “Chegava a mandar prendê-las, não era amigo da liberdade [que tinham acabado de definir do alto do seu saber de 5 anos]”. “No tempo de Salazar era difícil encontrar a cidade tão suja”. O desafio fundamental da professora: O teu pai costuma ver notícias? Então pergunta-lhe o que foi o 25 de abril.
Tem 5 anos, frequenta uma IPSS de inspiração católica.
Perto de casa, não havia cravos de papel nas mãos de crianças também de 5 anos e mais que saíam da escola pública. Será que alguém lhes explicou o que era isso que ia dar nas notícias? O que está por detrás da pompa e da circunstância das cerimónias? O que justifica a festa e o encontro de tantos que insistem na celebração? Será que vão perguntar aos país quando e se eles virem notícias?
O melhor do 25 de abril persiste, resiste e há-de guiar-nos. A liberdade ainda é uma criança com não mais de 5 anos. Como deve ser.