Quase nove anos depois regresso ao adufe. É certo que o último texto, tem “apenas” cinco anos mas desde 2015 a publicação de artigos, sobre tudo e sobre nada, não tem sido verdadeiramente regular.
Durante estes anos não consegui fechar a porta, paguei o domínio fui tirando as teias de aranha, talvez porque sempre achei que era mesmo uma suspensão e não um fechar definitivo.
Hoje regresso, não sei com que fidelidade, mas certo de ter vontade de voltar a escrever, em público, mais em público até – se isso for possível. Em nove anos o mundo da participação cívica na internet mudou várias vezes. Os blogues, campeões no início dos anos 2000 viraram discos de vinyl sem grande esperança de terem direito ao mesmo comeback do vinyl, note-se.
Multiplicaram-se as redes centradas na imagem, primeiro fixa, depois móvel e consolidaram-se as redes sociais semi-fechadas, em canais tribais.
Pessoalmente o meu mundo também deu muitas voltas. Saí da minha zona de conforto, suspendi por três vezes a minha carreira profissional para, em duas delas, integrar gabinetes no governo e na mais recente passar por uma breve mas muito intensa experiência como gestor público.
Coincide este regresso ao conforto relativo de uma vida mais estruturada com a vontade de voltar a expor publicamente o que penso, o que aprendi, as dúvidas que encontrei e as propostas que me atreverei a fazer. Suponho que muito passará pela relação entre a vida quotidiana e a participação cívica, a relação entre as preocupações familiares de um casal com filhos adolescentes e a atividade política, a reflexão sobre o presente e o futuro do partido político onde sou militante desde 2013 – o Partido Socialista.
Regresso quando a política volta a ter uma centralidade que nunca devia ter deixado de ter. Poucos dias depois de umas eleições legislativas que alteraram o perfil partidário por muito anos e que, em rigor, uma semana depois do ato, ainda nem se sabes exatamente quem as venceu.
Porquê regressar ao blogue? Porque a escrita continua a ser a base de tudo, o que melhor se aproxima da forma como chegamos a uma ideia estruturada, a que mais nos ajuda a refletir, mesmo que depois se deite cá para fora através de um vídeo, de um som, de um aforismo ou de uma interjeição. Escrever oferece-nos a nós próprios um mediador permanente, a parte da nossa mente mais reflexiva que tantas vezes desligamos quando nos limitamos a reagir a uma boca nas redes sociais, afastando-nos inexoravelmente de qualquer tipo de coerência que, no fim, será (seria) a nossa única salvação.
Regresso também mais inclinado para juntar otimismo à necessidade de ação perante uma evolução que considero adversa, procurando transformar a ameaça numa oportunidade.
Regressemos então ao blogue e depois logo se vê.
Bem hajam!