A criação prática de um partido único à direita, a deriva para a direita desse mesmo partido que governou com maioria absoluta (política social, educação, saúde, etc), o relacionamento que esse partido decidiu oferecer ao PS em 2011, 2012 e 2013 num período de grande complexidade política, económica e financeira e a tomada de posse de um PR que desde o primeiro discurso do seu segundo mandato assumiu claramente como um indivíduo recalcado e defensor de uma fação, nada relevam para explicar o que se passa hoje para muitos doutos analistas.
Tudo isto foi “normal” e indigno de nota.
O que releva agora é que há um indivíduo que está a lutar pela sua sobrevivência política e, detentor de uma varinha mágica, está a fazer desabar o regime porque não aceita que a nova realidade deve reger-se por velhas regras.
Deixemo-nos de infantilidades, assim não vamos lá.
Entretanto, continuo a não ver ou ouvir nada de particularmente reconfortante vindo do lado do PCP. Até prova em contrário parecem determinados em deitar borda fora uma oportunidade histórica de oferecer um governo estável e credível ao país. Pode o PCP ser quem nunca foi?
Esta é a pergunta mais relevante para os próximos dias e provavelmente meses.