O PS sempre disse que houve uma crise internacional – a maior em quase 100 anos – que afetou dramaticamente o país desde 2008. As explicações para a vinda da troika, por muito que queiram simplificar, estão longe de se resumirem a responsabilidade específica do governo da altura. O mesmo se pode dizer dos governos da Irlanda, da Espanha, da Grécia, do Chipre. Há uma quota parte de responsabilidade, seria possível ter feito algumas coisas melhor e noutro tempo, mas discutimos a reação à crise, não a criação do problema.
Ora perante esta realidade o PS usou como exemplo para um dos seus cartazes de campanha uma pessoa (que não uma atriz) que perdeu o emprego quando o PS ainda governava. Uma senhora que nos anos que se seguiram, até hoje, não conseguiu voltar a trabalhar e que, entretanto, perdeu qualquer apoio.
Uma história que bate certo com a enorme falange de desempregados que nos últimos anos se converteram em desempregados de longa duração. Uma falange que não para de aumentar e que teve como medida ativa a afeta-los um aumento da dificuldade no acesso a apoios sociais. Medidas que o atual governo promoveu. Em 2011 mudamos de governo e volvidos quatro anos é esta a situação em que se encontram muitos dos que foram visados pela crise iniciada em 2008 e fortemente agravada nestes últimos 4 anos. A esta senhora juntaram-se mais 313 mil empregos destruídos desde o segundo trimestre de 2011 e outras centenas de milhar entre o acréscimo de precários e de portugueses que ficaram sem qualquer suporte.
A mensagem do cartaz é historicamente honesta, a mensagem politicamente relevante e a discussão que está a gerar esclarecedora. Não vejo melhor elogio que se possa fazer a quem o criou e a quem o assumiu. Nos antípodas daquela coisa etérea com o sol e umas nuvens.