De volta à política nacional e ao PS. Uma coisa é certa, António José Seguro evolui na sua opinião a uma velocidade estonteante. Ainda há dias defendia tonitroante do palanque que devíamos ter 180 círculos uninominais para 180 deputados querendo assim mostrar “coragem”. Ou terá sido antes uma prova de vida populista em pânico perante a oposição mais estruturada de António Costa? Afinal quem entre os descontentes recusa reduzir o número de deputados, “essa corja”? Basta ouvir o que decorre dos estudos de opinião de deteção dos eixos do populismo que engrossam fileiras Marinhistas. Seguro apareceu assim, lesto (depois de 3 anos de zigue-zague inicial e posterior silêncio prático sobre esta questão) ao propor uma redução de deputados de 230 para 180 e convivendo de forma aparentemente descontraída com a estupefação com que muitos (incluindo apoiantes seus) encararam o absurdo da proposta. Rapidamente muitos perceberam que seria impraticável e uma boa proposta para impedir que algum dia algo mudasse no sistema eleitoral de tão absurda a iniciativa…
Mas agora Seguro mudou de opinião, afinal, desta vez alguém se lhe antecipou sugerindo algo mais sensato e sublinhando que reduzir o número de deputados criando círculos uninominais onde só os votos no vencedor contarão e todos os restantes irão literalmente para o lixo fracamente contribuiria para que os eleitores se sentissem representados. No mínimo, tal proposta exigiria um circulo de compensação nacional para garantir um mínimo respeito pela proporcionalidade. Uma reciclagem de milhões de votos (não exagero) que com 180 círculos uninominais em 180 deputados iriam para o lixo. Se bem percebo, ao ler a entrevista dada ao Paulo Ferreira e ao Sergio Figueiredo hoje no Diário Económico agora Seguro toma como proposta sua a existência do tal círculo de compensação que, naturalmente, impedirá que haja 180 círculos uninominais para 180 deputados.
Esta evolução pode ter-se inspirado em vários imitadores de Seguro – ainda que imitadores que se lhe anteciparam, como já vai sendo a sua sina – e apesar da clara melhoria ou evolução agora publicada que se saúda, pensar melhor antes de falar era o que se precisava de um candidato a primeiro-ministro. Acontece que, felizmente, desde finais de maio de 2014 estamos mesmo em período de escolha do melhor candidato do PS para Primeiro-Ministro. Há uma alternativa que não sendo salvífica ou “mágica” – imito agora o vocabulário de Seguro na entrevista – bate aos pontos as propostas de Seguro precisamente nestes particulares que implicam uma articulação ponderada desse grande recurso nacional que tem sido tão parcamente aproveitado. Qual será?