Afastei-me progressivamente de Seguro (ou por outras, acabou-se-me a paciência para lhe dar o benefício da dúvida) precisamente porque não lhe encontrei nem um fio de raciocínio (diferente do status quo) que nos pudesse guiar pelos conturbados tempos que ainda temos pela frente, nem uma compreensão do passado recente que me parecesse adequadamente ajustada à realidade. Imaginem portanto o que penso quando vejo esta aposta estratégica da sua campanha em que se apresenta como o tipo que quer discutir ideias. O sensação de ridículo impera. Mas a tragédia é que provavelmente esta lacuna de substrato não é reconhecida, provavelmente pensará (pensarão) que conseguiram mesmo uma grande coisa ao nível das propostas e que são os justos defensores da verdade passada onde tantos são reduzidos exclusivamente à condição de culpados, traidores e, objetivamente, inimigos a abater. Não restem dúvidas, os inimigos para quem se entrincheira desta forma, estão dentro do partido e são eles próprios, de si mesmos.
Juntando a isto a superioridade moral, a antinomia campo-cidade, rurais-urbanos, genuínos-falsos, simples-cultos, fieis-infieis, altruistas-egoistas, esforçados-oportunistas, vítimas-agressores, só me obriga a constatar que haverá um estreitíssimo caminho para a paz no PS num dia seguinte. O PS não pode repetir esta argumentação separatista que nada, mas mesmo nada, tem a ver com a discussão de ideias como qualquer cidadão dotado de juízo consegue compreender.
Estamos perante um supremo castigo que, este sim, dispensávamos: Seguro e a sua direção, em muitas das práticas que usam e na forma como dirigem e constroem a sua mensagem, são uma versão degradada e degradante do pior que este governo tem oferecido ao país. Tudo isto, mais que não houvesse, bastaria para ter de apoiar determinadamente quem se lhe opõem com um módico de elevação. No caso, António Costa.