A dada altura, no decurso dos workshops sobre ‘The Next Left – por um novo contrato social’ que se sucederam à conferência internacional que decorreu hoje na Universidade de Lisboa, um dos convidados (Andrius Belskis investigador da Lituânia especializado em ciência política) virou-se para a sua plateia e atirou: “Como é que um líder político vem aqui sublinhar quão importante é os partidos e movimentos sociais agirem em conjunto e logo de seguida desaparece do local, imediatamente antes de o verdadeiro dialogo começar? Afinal que prioridades de agenda têm os políticos de hoje? Como conseguem ser coerentes com o que afirmam, de facto?”
Talvez a crítica não seja inteiramente justa, mas a exaltação provocada é pertinente para quem apenas assistiu àquele exemplo particular. E fica como símbolo; esta foi apenas uma das muitas interpelações (das mais agudas e empenhadas) que hoje se ofereceram a quem pode estar presente em mais um esforço de entendimento, de construção de pontes entre políticos dentro e fora dos partidos.
Tal como já havia sentido noutras andanças políticas, não faltam pessoas, interesse e dedicação para melhorar a vida política vindo de contributos de fora dos partidos. A dita sociedade civil (expressãozinha utilitária mas algo bizarra) é bem mais dinâmica e generosa do que se costuma pintar.
Valeu a pena? Sem sombra de dúvida. Quanto? Amanhã saberemos. Entretanto vai havendo formiguinhas procurando alimentar uma maré, a de hoje foi a Jamila Madeira que teve a ideia e juntou vontades. Fez política e deu-a a fazer, da melhor que pode haver.
Publicado originalmente no 365 Forte.