A ler o último artigo de Paul Krugman sobre o exemplo Norte Americano até porque o assunto é de todo relevante para o nosso futuro em termos de escolha política: “O Medicare permite economizar dinheiro” (ou no original “Medicare Saves Money”). Um excerto:
“(…)Afinal, os gastos com o Medicare não subiram dramaticamente ao longo do tempo? Sim, subiram: considerada a inflação do período, os gastos do Medicare por beneficiário subiram em mais de 400% entre 1969 e 2009.
Mas os custos dos planos de saúde privados, também considerada a inflação, subiram em mais de 700% no mesmo período. Portanto, embora seja verdade que o Medicare não realizou o trabalho necessário de controle de custos, o setor privado se saiu muito pior. E caso neguemos o Medicare às pessoas de 65 e 66 anos de idade, as forçaremos a bancar planos privados de saúde -se puderem-, e eles custarão muito mais do que se os serviços equivalentes fossem fornecidos pelo Medicare.
Aliás, dispomos de provas diretas dos custos mais elevados dos planos privados de saúde, por meio do programa Medicare Advantage, que permite que beneficiários do Medicare obtenham cobertura junto ao setor privado. A ideia era que isso propiciasse economia de custos; na verdade, o programa custa aos contribuintes substancialmente mais por beneficiário que o Medicare tradicional.
E dispomos também de indícios internacionais. Os Estados Unidos têm o sistema de saúde mais privatizado entre os países avançados. Também oferecem, de longe, a saúde mais cara, sem que isso represente vantagem clara de qualidade, apesar de todos esses gastos. A saúde é uma área na qual o setor público consistentemente faz um trabalho melhor que o privado, no controle de custos.
De fato, como aponta o economista Bruce Bartlett, que foi assessor do presidente Reagan, os elevados gastos privados de saúde dos Estados Unidos, comparados aos dos demais países avançados, praticamente cancelam quaisquer benefícios que pudéssemos auferir de nossa carga tributária relativamente baixa. (…)”