Neste 5 de Outubro republicano, desenvolvemos um elaboradíssimo modelo que nos permite assegurar que, em breve, a qualidade dos políticos nacionais vai melhorar significativamente. Afinal, nunca nas últimas décadas houve tantos incentivos para que pessoas dignas, dedicadas e competentes assumissem responsabilidades ao nível da intervenção política (estão-lhes a ir ao bolso como nunca!).
Não o fazerem e delegarem num grupo desqualificado e totalmente desfasado da defesa do interesse comum da maioria numa perceptiva sustentado a prazo está-lhes/nos a custar demasiado caro. Este modelo é generalizável à União Europeia. Mas como todos os bons modelos desenvolvidos pelos economistas, garante que antes de melhorar, pode piorar…
Há muitos economistas que ganham a vida a fazer previsões, mas muito poucos ganham a vida com as previsões. No entanto, seria bom que esta previsão sobre a projectada qualidade dos políticos estivesse correcta, não seria? Se calhar concretizá-la passa por si, caro leitor. Politize-se, adira a um partido (ou ajude a criar um novo) e seja um no meio de poucos milhares (de militantes) com poder real de decisão sobre quem os partidos nos oferecem para governantes, em vez de ser apenas um no meio de quase 10 milhões de eleitores que se limita a votar de xis em xis anos. Esta é alias uma ideia que vai ganhando adeptos por aí com direito a página no Facebook: Adere, Vota e Intervém dentro de um Partido. Cidadania para a Mudança.
O poder detesta o vazio por mais ocos que sejam os que lhe deitam a mão.
Também publicado no Economia & Finanças.
3 replies on “E se de repente o número de militantes nos partidos duplicasse?”
Eu percebo a intencao mas ‘e como alistares-te no exercito para acabar com a guerra…
Agora se me disseres que toda a gente devia pertencer a um sindicato, a um movimento local que faça lobby pelas questões relevantes para a sua comunidade, etc, etc…
Há aqui umas coisas giras (da esquerda sobretudo): The situation now is that by far the majority of people actively pursuing goals of social justice, equality, deeper democracy, a social and environmentally sustainable economy and a demilitarised politics are politically active without being members of political parties.
This idea of non-state sources of democratic power is crucial to rethinking the party. The key point is this: while radical mass movements, from those of the 1970s to the recent anti-war movement, have not been sustained, there is widespread evidence of efforts to create lasting sources of democratic power autonomous from the state – movements with sustained institutions that have a democratic legitimacy in the face of discredited established political institutions.
http://mostlywater.org/rethinking_political_parties
(ou seja, não é o poder seja ele quem for e por melhor que seja que te vai resolver os problemas mas sim a tua capacidade de pressão e de mudança social – bottom up!)
Entendo e concordo, acho que passa muito por aí, alias cada um deve canalizar a sua capacidade de intervenção de acordo com a sua vocação. Mas como é que essas novas forças podem fazer pressão consequente se do outro lado só tiverem pessoas que estão a viver noutro mundo?
A ameaça de ter uns grupos de pressão que podem (ou não) ter consequências em cada ciclo eleitoral basta?
A ideia é exercer pressão nas ruas quando em cada momento surgir uma decisão política fulcral? Exemplos com o que se passou com a localização do novo aeroporto em PT são muito raras…
Se esses movimentos acabarem por ter (como historicamente acontece) impacto dentro dos partidos, até gerando militantes e dirigentes, ok, mas então estamos a dizer o mesmo.
Ser militante não impede ninguém de ter um bom quinhão de liberdade individual e de exercício cívico autónomo. Aliás, essa seria já em si uma grande transformação, pois são cada vez menos os que dentro dos partidos, comungando com o essencial, mantêm a capacidade de gerar reflexão.