Olhando para os resultados de ontem, o cenário político nacional afastou-se como nunca do bipartidarismo. O que nos espera é o fim da era das maiorias absolutas monopartidárias e, quem sabe, de coligação. Veja-se este exercício feito pelo Pedro Magalhães no Margens de Erro, pegando nos resultados de ontem e projetando-os como se fosse de eleições legislativas:
“(…) os resultados (…) seriam os seguintes: PSD: 95 deputados PS: 72 deputados CDU: 24 deputados BE: 23 deputados CDS: 15 deputados MEP: 1 deputado (…) Em suma, neste exercício, PSD+CDS têm 110 deputados. PS+CDU+BE têm 119. A rectificação que menciono na abertura teve a ver com o MEP. De facto, com 46 deputados a serem eleitos em Lisboa, os 2,32% do MEP seriam suficientes para 1 deputado. “
Teríamos assim 6 forças políticas no Parlamento (sendo o “meu” MEP a novidade) e teríamos um cenário muito complicado de governabilidade em coligação. Mas há naturalmente mais formas de se governar um país além das maiorias monopartidárias ou de coligação. O que interessa sublinhar agora é que está na hora de cada força política demonstrar que está à altura de assumir a responsabilidade (e de mostrar a capacidade de indicar propostas) que ajudem a construir o país. Havendo boas políticas e sentido de serviço ao bem comum, a tarefa facilita-se. No fundo, a pergunta resume-se, em cada momento, ao seguinte: o que é bom para Portugal? Mas não me iludo, será uma tarefa muito difícil para quem está habituado apenas à prática negativista e demolidora de uma certa forma de fazer oposição. O MEP, esse, estará no seu elemento.
Também publicado no Eleições 2009.