Correspondência blogoesférica, ao vizinho Paulo Gorjão.

Caro Paulo, se não tivesses engavetado e catalogado o MEP na tua cabeça de forma tão peremptória no dia em que anunciou que iria tentar ser um partido (!) com base numa ideia (uma ideia!) que compreensivelmente não entendeste, estarias já bem longe das mesmíssimas questões e dúvidas que tiveste nesse mesmo momento.
Avaliaste e avalias o MEP com base em pouco mais do que isso como deixas claro neste comentário. Aliás, de forma bem pungente para minha surpresa pois esperava ter exagerado na avaliação que fiz.
Atrevo-me a dizer que todas as perguntas que fazes não são retóricas pois se quisesses procurar um pouquito encontrarias as respostas. Naquele 1º dia, obviamente a mensagem a passar não seria divulgar um programa político completo de um partido que ainda não existia. Mas hoje falas do MEP como se não tivesse já oferecido tutano além do “ser o centro do centro”. Se passares por http://www.mep.pt encontrarás motivos para moderares a tua…perplexidade e de tantos outros que referes.

Sim, concordo contigo Paulo, estás muito bem acompanhado, mas essa cegueira em relação ao menos que superficial é precisamente um dos motivos de ser do MEP, uma maratona contra uma cartilha de prática e de análise política que nos arrastam para políticos cada vez menos interessantes e para ideias cada vez mais ocas.
Não sejamos ingénuos Paulo, é óbvio que o MEP (ou qualquer outro partido) mas particularmente um que se apresente ao Centro, terá imensos “desafios” em fazer passar a mensagem, atendendo ao alinhamento que julgo não ser novidade para ti, está bem presente nos media. É mil vezes mais fácil ter um partido fracturante (e pouco mais) do que um partido que aposte numa selecção virtuosa de políticas com cheiro à esquerda e à direita. Mas acredito plenamente que bem mais útil e indispensável este último exercício.

Resumindo: entretanto o MEP fez-se partido, elaborou um programa político, está presente (na medida permitida pelos media) e tem agido e reagido à actualidade enumerando em éne matérias o que faria e como faria. É por isso que acho legítimo achar que representas parte do problema e não da solução, por exemplo, para a questão da abstenção que enuncias no post. Prezando a opinião de quem se dedica a analisar diariamente a política acho que passaste um atestado de desinteresse ao MEP com uma ligeireza que não encontrei no sacrifício com que aguentas comentar alguns dos piores exemplos que nos têm acompanhado na nossa democracia.
Quanto à tão importante questão da “viabilizar a maioria absoluta” que Marcelo Rebelo de Sousa “ingenuamente” colocou na agenda assim que ouviu falar do MEP (vaticinando que se trataria de uma excrescência do PS para viabilizar uma nova maioria absoluta), só posso convidar-te a ouvires os 3m33s em que Rui Marques tenta mais uma vez deixar claro o que outros tratam de reinterpretar com grande liberdade. É difícil fazer política contra o simplismo, mas é indispensável ir tentando.
Já agora, já conheces o blogue do partido do Centro do centro?
eppur si muove

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