Em homenagem ao avô Álvaro, que não tenho o prazer de conhecer, avô do nosso amigo Rui, mas a quem se deve, de alguma forma, estar aqui – foi o continuado apego do Adufe inicial ( não , não quer dizer que haja um défice de Benquerença…) à fala das fainas do avô, nomeadamente, da apanha dos marmelos, vindimas, creio, tudo coisas outonais -que dedico esta descoberta ontem efectuada naquilo que pode configurar um apelo, “venham de lá esses segredos conventuais“. Falo de doçaria, já se vê.
Não é que se decidiu lá em casa aproveitar as maçãs e os marmelos, que ameaçavam apodrecer, antes de conhecerem a marmeládica caçarola, e evitar, assim, que enchessem os cofres de uma qualquer valnor? Vai daí, qual Maria de Lurdes Modesto de trazer por casa, repare no que se fez:
Nada melhor do que cortá-los aos pedaços, aproveitando as partes sãs. Cozem-se, com um pauzinho de canela, depois de cozidas sujeitam-se aos furores demolidores da varinha mágica que as reduz a pó, perdão, a uma deliciosa pasta. Na caçarola, ao lado, faz-se açúcar em ponto pérola ( é aquele que não é caramelizado, pronto!) e adiciona-se-lhe meia dúzia de gemas, mexendo sempre, para não cozerem.Em seguida, junta-se-lhe o marmelo e a maçã em calda, mexendo sempre, finalizando com a adição das claras em castelo que sobraram das gemas ( claro!). Deita-se numa tigela grande e polvilha-se com canela.
Vai ao frigorífico e serve-se fresquinho! Uma espécie de soufflet, onde a acidez do marmelo e a doçura da maçã, embrulhados num lençol de açucar e fofas claras, proporcionam momentos de uma gulosa cumplicidade,pois então!
Um casamento perfeito.
Venham de lá, também, esses segredos conventuais.
antónio colaço