Ah, como seria bom se tivéssemos quem apresentasse a coragem para dizer exactamente o que se deve e não deve fazer quando temos o país à beira da maior crise das últimas décadas.
Como seria bom que alguém tivesse coragem de dizer que das propostas de construção de novas auto-estradas, a única nova via que se deve avançar é a ligação Vila Real-Bragança, como contributo relevante para quebrar o isolamento de Trás-os-Montes. Todos os outros projectos a lançar em concurso público devem ser suspensos e, no caso de auto-estradas verdadeiramente desnecessárias, como é exemplo o troço Mealhada-Oliveira de Azeméis, devem ser mesmo imediatamente abandonados.
Como seria bom que alguém tivesse a coragem para, por um lado, assumir que o programa de construção de dez novas barragens deve continuar e ser acelerado, para aumentar o nível de autonomia energética, bem como a capacidade de armazenamento de água e, ao mesmo tempo, afirmar que o projecto do TGV Lisboa-Caia (a ligar a Madrid) deve ser adiado, em articulação com o Estado espanhol, devendo o dossier ser sujeito a reavaliação dentro de um ano.O projecto do TGV Lisboa-Porto deve ser abandonado, pelo menos nos próximos anos, em benefício da conclusão da requalificação da linha do Norte.
Era bom que em ano de eleições houvesse por aí algum partido com coragem para dizer em público aquilo que quase todos reconhecem no seu íntimo. Este não é o tempo para recuperações do poder de compra de quem recebe o salário pelo Estado: a proposta de aumento da função pública de 2,9%, num quadro de potencial recessão, quando a inflação prevista é de 2,5% é excessiva e demagógica e só pode estar associada a uma opção eleitoralista pouco responsável.
Sim, que se cumpra em 2009 o acordo obtido na concertação social quanto ao aumento do salário mínimo para 450 Euros. Afinal a coesão social exige um esforço para reduzir a pobreza que hoje encontra uma expressão grave nos “novos pobres”, ou seja, em pessoas cujo salário é francamente insuficiente para uma vida digna.
Arranjem-me um partido que consiga demonstrar ser capaz de articuladamente reflectir e fazer-se ao caminho sem lastro traumático e sem responsabilidades opacas que eu atrever-me-ei a fazer mais do que dizer mal e depressa. Melhor É Possível. Ajude-nos a tornar esta alternativa um pouco mas real. Tenha a ousadia e faça o sacrifício de contribuir com um euro que seja para que o MEP possa ter ao menos a justa oportunidade de chegar até si. Não para colocar um anúncio de 30 minutos na TV, mas simplesmente para ter um bocadinho, um pouco mais do que nada, é que acreditamos que é sempre possível fazer mais daquilo que à partida parece tão pouco.