É impossível inventar por mão humana melhor perfume do que aquele que nos oferece a natureza de modo directo por estes dias de primavera em terras temperadas.
Adiante. Chego a casa e determinado a regressar à política de forma mais activa, nomeadamente via Adufe.
E começo pelo PSD, agora que mal ou bem volta a valer a pena considerar este partido no espectro político nacional. Pelo menos temporariamente.
Pedro Passos Coelho é o nome que me merece mais atenção no momento e (mesmo que eventualmente derrotado no curto prazo), também no futuro.
Retenho em particular a sua entrevista ao Correio da Manhã (a que cheguei via A Origem das Espécies).
Acho muito interessante a perspectiva quanto à necessidade de afastamento do Estado das empresas onde ainda detem todo ou parte do poder, quanto ao resto… louvo os laivos de clarificação que nesta altura do campeonato são necessariamente um bem. Mas dizer que com a continuação do combate ao défice se vai “Correndo o risco de daqui a dois anos não haver défice mas também não haver empresas, nem economia, nem emprego (…)” deixa-nos em boa parte conversados quanto ao calibre em termos de responsabilidade do projecto político que defende.
Terminar com todo o tipo de incompatibilidades no exercício de cargos públicos; permitir a livre escolha dos alunos pelas escolas e ao mesmo tempo das escolas pelos alunos (!); privilegiar as parceiras publico-privados de forma indiferenciada abrangendo (quase?) todas as áreas de intervenção social do Estado; misturar o fim do trabalho para toda a vida com a questão dos recibos verdes ou mesmo acreditar que “Nós temos uma regulamentação demasiado rígida ao nível laboral” e que esse é um problema de topo para a empresas nacionais são apenas mais algumas dicas importantes para clarificar o que significaria o projecto de Pedro Passos Coelho à frente do PSD.
Ficam algumas dicas suficientemente vagas para suscitar alguma curiosidade quanto à sua operacionalização, mas no compoto geral parece-me que o nosso pequeno mundo é um pouco mais complexo e previsível ao ponto de permitir antecipar desde já que vagueiam por ali imensos disparates condenados conscientemente ao fracasso. Em todo o caso, perante a bruma que se prevê ser a defesa do “velho” PSD é, como disse, saudável ver que existe este PSD, um PSD que pelas suas semelhanças mais simbólicas com parte do programa do actual governo (sem descurar as semelhanças ao nível das omissões) diz também muito da uma certa orfandade de algumas preocupações e de algumas fatias importantes do eleitorado português.