Curiosidades Estatísticas:
 
  1. António Costa foi eleito presidente da Câmara alcançando menos 17115 votos que Manuel Maria Carrilho em 2005. Obteve 29,5% dos votos validamente expressos, quando Carrilho havia obtido 26,6%, ou seja, agora obteve mais 3 pontos percentuais.
  2. Nunca um presidente da câmara havia sido eleito com tão poucos votos e com tão pequena percentagem.
  3. A abstenção aumentou cerca de 15 pontos percentuais fixando-se em 63%.
  4. Hoje, António Costa e Helena Roseta, em conjunto, obtiveram mais 2891 votos do que Manuel Maria Carrilho em 2005.
  5. O novo presidente da Câmara, tem, em teoria, múltiplas hipóteses de formação de maiorias pontuais (ou em coligação).
  6. A maioria obtem-se com 9 vereadores. O PS ficou com 6. Camona Rodrigues e o PSD têm 3 cada. Helena Roseta e o PCP 2 cada. O Bloco de Esquerda com 1.
  7. Os restantes partidos, à quase inevitável perda de votos, aliaram quedas na percentagem de votos validamente expressos que angariaram. As excepções foram o PNR que praticamente duplicou a sua votação (obteve 1501 votos, representando 0,8%) – uma nota ao cuidado dos Gatos Fedorentos ou antes pelo contrário? – e o PCTP/MRPP que obteve mais 433 votos subindo dos 1% para os 1,6%.

Notas mais de cariz político: 

  • Se a recandidatura do antigo presidente Carmona Rodrigues se poderá enquadrar com exemplos do passado onde outros autarcas concorreram contra os seus antigos partidos, Helena Roseta introduziu com outra visibilidade e enfoque um aspecto mais raro: o da dissidência partidária "pura". O movimento liderado por Helena Roseta ficou atrás do PS, de Carmona Rodrigues e do PSD, obteve 20006 votos representando 10,2% aos quais corresponderam 2 vereadores. Em Penamacor, em 2001, o PS havia já conhecido um exemplo de dissidência que foi particularmente bem sucedido: o movimento de independentes ganhou a Câmara. O mesmo movimento que, grosso modo veio em 2005 a regressar ao PS e a repetir a vitória eleitoral.
  • Continhas à parte, campanha findada, o PS tem algo que nenhum outro partido ou movimento dispõe neste momento: as melhores condições para mostrar com actos que consegue gerir num ambiente de crise a capital do país. Uma oportunidade que em bom rigor não tinha há mais de 30 anos. Esses actos serão a melhor forma de "campanha" para a segunda volta destas eleições a disputar daqui a 2 anos. E este tempo será também o ideal para ir avançando com o que se pretende para o futuro. Vejamos se o PS resiste à tentação de se ocupar com o discurso e a prática corrente das matemáticas partidárias.
  • Vejamos também que tipo de contributo e que atitude os movimentos de cidadãos emprestarão ao governo da cidade.
  • Quanto ao PSD, não deverá estar em condições políticas (tal a sua fragilidade) para completar o seu "suicídio" impossibilitando a governação da cidade. Um aspecto a explorar com sageza por António Costa. Hoje, a maioria absoluta do PSD na Assembleia Municipal parece muito mas pequenina.
  • O eleitor de Lisboa (por acção e omissão) oferece ao país um cenário experimental nos antipodas da "Estabilidade = Maioria Absoluta" e apresenta-se "terrivelmente" adaptativo. A exigência face aos políticos é evidente e a novidade é um caminho possível.
  • Estes resultados por si não comprometem que se acredite que estas eleições foram úteis e que a Câmara Municipal esteja hoje em melhores condições de satisfazer os anseios dos seus habitantes.
  • A abstenção pode ter sido elevada mas não faltam motivos de interesse para acompanhar com atenção a Câmara Municipal de Lisboa nos próximos anos. Dizem que António costa é um "animal político". Tem pela sua frente um desafio político digno e exigente.

P.S.: Tem sempre piada reler o que se escreveu há dias, aqui e aqui.

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