A melhor análise sobre a crise na imprensa que lia até ao momento está no Blogo Existo do João Pinto e Castro. Para já oferece-nos um enquadramento tocando em aspectos pouco referidos, como sejam as barreiras efectivas na nossa vida quotidiana que impedem ou dificultam encontrar um espaço e um tempo para se ler um matutino. Fica um excerto que não dispensa a leitura integral.
" (…) Há sérias razões para duvidar que a cultura própria dos leitores de diários se encontre ameaçada. Por exemplo, com a decadência dos cafés desapareceram os vespertinos. Onde é que as pessoas podem hoje ler o jornal da manhã? As que não usam os transportes públicos não podem, na maioria dos casos, fazê-lo no local de trabalho.
Depois, à medida que o espaço público vai ficando restringido aos centros comerciais deixa também de haver locais onde se comentam as notícias do dia. Este processo de des-socialização da vida quotidiana afecta os diários, visto que eles serviam exactamente de instrumento de lubrificação do convívio social.
As pessoas encontram-se crescentemente remetidas para três espaços específicos: a) a família; b) a profissão; e, quando existe, c) o hobby. Ora, o que interessa a umas profissões não interessa a outras, e o mesmo se passa em relação aos hobbies. Daí a proliferação de media especializados. (…)"