Pescar com um colete vestido não é viável, não rende. Quem já andou na faina sabe e afrima isso.

Por outros lado, sobreviver dentro de água num temporal sem o colete salva-vidas posto (mesmo que o mar tenha águas cálidas) também não é possível durante mais que alguns instantes.

Mas será possível que perante a trancada crescente que se apanha no mar com um temporal de meter respeito, não haverá algures, entre a ameaça e o momento sem retorno, um momento claro e evidente para colocar o colete, não vá o diabo tecê-las ou não vá estarmos mesmo a pedi-las

O João Morgado Fernandes também se coloca questões parecidas com estas e, tal como ele, sublinho que é muito raro em casos como este recente que se passou na Nazare que alguém averigue se "o condutor levava o sinto de segurança". É sempre mais fácil o discurso da falta de meios e da pouca prontidão, é sempre mais fácil reivindicar mais helicópteros e lanchas. Na minha opinião essas preocupações não são mutuamente exclusivas e ignorar sistematicamente a primeira "ajuda" a que tudo se repita. Ignorá-las é dar voz ao fado, àquele fado que é amigo íntimo da estupidez, aquele que sempre foi assim e contra o qual nada há a fazer.

Uma coisa é sempre certa, depois de "homem ao mar" é sempre um milagre assentar pé em terreno firme, mas na lista dos milagres passados não consta que algum prego tenha deixado de ir ao fundo.

Desculpem a crueza dos termos mas temos demasiados pregos por pescadores. Que ajudem menos à própria morte é algo que todos desejamos.

Discover more from Adufe.net

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading