Em termos temporais quando os governos de Cavaco abriam caminho para que muito generosamente todos os professores pudessem, com a devida antiguidade e uns cursinhos (sobre astrologia por exemplo – lembra-se?) chegar ao topo da carreira (que agora Sócrates tão tenazmente se propõe reestruturar), os disparates voluntaristas na área da Defesa seguiam outro rumo: a extinção do SMO (que teria de esperar uma década para se concretizar) mas que tiveram como sub-produto as tais incorporações "rapidinhas", as tais que eram também "rapidinhas" a desfalcar o orçamento e a lançar no desespero os racionalistas no seio da organização militar.
Mas o João tem razão. Como aliás também o afirmo algures, hoje outras áreas do aparelho do Estado se juntaram à urgência e gravidade de que falo. Muito do que escrevo podia ser escrito sobre outras áreas.
O segredo da boa governação e da boa participação cívica está em tomar o pulso às intensidades e em apreciar até onde se pode ir sem comprometer as funções do Estado que, tanto quanto sei, ainda ninguém teve a coragem de rever.
Por exemplo complicar a chegada dos professores ao topo da carreira não me parece algo que possa pôr em causa o sistema educativo e os seus objectivos; provavelmente contribuirá para a sua dinamização se se implementar a exigência, a competitividade técnica e a justiça.
Já ter o compromisso de comprar uns submarinos sem que se garanta verba para formar militares para os operar ou até verba para os poder pôr a "mergulhar" me parece relativamente mais grave se quisermos avaliar a acção do Estado. O número de furos que há para apertar nos cintos de cada área da governação não é o mesmo caro João, essa é que é a chatice, e era isso que gostava que fosse tentando perceber.
E caro João, este cenário hipotético projectado para o futuro dos submarinos vindouros baseia-se largamente em realidades passadas. Incómodas, menos conhecidas que outras relativas a áreas mais "prioritárias", mas demasiado perenes e cheias de barbas brancas. Algo que aconteceu precisamente porque a Defesa sempre se resumiu a produzir posições maniqueistas e juízos terrivelmente simplístas. Em suma, uma fatalidade.