"(…) E a responsabilidade pelo financiamento da segurança social — que deve ser auto-sustentável — deve incumbir sobre toda a economia e não somente sobre o volume dos salários."
escreve Vital Moreira no Causa Nossa.
E eu concordo estimado vizinho, mas concordo também que antes de consignarmos mais impostos à segurança social – recordo que uma parte do IVA que nada tem a ver com o grau de intensividade do trabalho das empresas já está a ser consignado para financiar a Segurança Social após legislação do actual governo – devemos ter um Estado que passe a prova da credibilidade e das boas contas, um Estado que seja capaz de saber exactamente o que quer, deve e pode fazer (e não fazer) em relação a TODA a sua missão. Um Estado que tenha os portugueses em melhor conta quanto ao quociente de inteligência e que perceba o que está a fazer errado quanto ao maior investimento público singular das últimas décadas – de novo a OTA.
Tributar mais (e teria sempre de tributar mais mesmo descendo a TSU, certo?) para ter o mesmo ou garantir promessas do passado, que com os meios actualmente ao seu dispor não são auto-sustentáveis, não é razoável – particularmente agora, nesta conjuntura. Acrescento ainda que o valor acrescentado me parece particularmente uma estranha sugestão – queremos mesmo estimular novas GM em Portugal que muito exporta(va)m mas com baixo valor acrescentado porque muito importa(va)m, por oposição a uma penalização a uma Autoeuropa que tem de facto acrescentado valor de forma relevante à nossa economia? Eu tenho dúvidas. Mas procurando esclarecimentos e reflectindo bastante chegamos lá.
No dia em que a prova de boas contas e de boa gestão seja obtida (se tudo corresse bem poderíamos festejá-lo, pelo menos parcialmente, no final desta legislatura), poderemos e deveremos reconsiderar essa proposta e outras que não visem exclusivamente equilibrar o deve e o haver global do Estado. Atirá-la hoje para a praça pública, mexendo em impostos e taxas com raciocínios de vasos comunicantes mas de soma negativa, parece-me contraproducente e, alias, repete uma fórmula perigosamente repetida já por este Governo. Pior do que tudo isto é que será dar argumentos fáceis numa conjuntura muito difícil a quem não tem simpatia nenhuma para essa coisa do Estado Social.