Ainda a propósito do post de ontem sobre os Certificados de Aforro, hoje saiu a notícia que a mesma entidade do Estado que gere os Certificados conseguiu cativar aforradores através da emissão de Bilhetes de Tesouro com maturidade de cerca de um ano. Se bem percebo a notícia, o Estado irá remunerar daqui a um ano, os 400 milhões de Euros que captou a uma taxa média de 3,39%. Ora se o Estado ainda está a precisar de recorrer a empréstimos para financiar a sua dívida porque é que ontem desincentivou a captação de poupaça via certificados reduzindo (que já lhe saia muito mais barata, com remunerações abaixo dos 3% e sempre abaixo dos 3,39% anualizados, mesmo considerando o prémio de permanência semestral de 0,25% dos certificados) quanto hoje se sujeita a pagar muito mais (os tais 3,39%) pelos Bilhetes de Tesouro que emitiu?
Eu não sou especialista em gestão da dívida pública mas este raciocínio e esta dúvida parecem-me pertinentes. Nada disto parece racional se o Estado tiver interesse em pagar menos pelo dinheiro que pede emprestado para pagar aos seus credores. O que parece é que o Estado está a fazer um favor aos clientes habituais dos Bilhetes do Tesouro em prejuízo dos clientes habituais dos Certificados de Aforro e em prejuízo do erário público, naturalmente.
Mas como disse, estou disponível para aprendar sempre algo de novo…
Adenda: na notícia do Jornal de Negócios compara-se a taxa de juro negociada para os Bilhetes de Tesouro com a Euribor a 12 meses, contudo, havendo uma possibilidade de obter financiamento da dívida mais barato (também citado pelo JN – via certificado de Aforros), o que aqui se escreveu permanece pertinente.