Provavelmente, e para nosso mal colectivo, as reacções à questão dos cartoons levarão a uma maior cautela nos critérios editoriais por parte de jornais ocidentais nos próximos tempos. Digo para nosso mal porque isso atestará a incapacidade de falarmos de igual para igual no sentido em que falamos com pessoas e povos com outras crenças que não a muçulmana (onde os extremista têm peso visível e notório).
No curto prazo, admito que esse reforço na auto-censura seja positivo porque retirará argumentos aos extremistas, contudo, volto a sublinhar, não conseguiremos sentir-nos entre iguais e de certa forma, os extremistas terão tido a sua vitória pois os muçulmanos, todos os muçulmanos, correm o risco de passar a ser vistos como fazendo parte daquele povo com quem não se pode brincar, que não se pode criticar, que não se pode satirizar. De certa forma acho esta imagem mais nefasta do que a má publicidade terrorista, algo que julgo mais fácil de imputar a um tenebroso e limitado grupo.
Em suma, um povo percebido como inferior, atrasado e perigoso e este é só o pior dos cenários que poderíamos desejar.