Aos poucos vai deixando marcas. Para quem não tinha regulação especializada em concorrência, é justo julgar o que se tem feito como um passo no bom caminho, apesar de alguns apontarem (genérica ou particularmente) ingenuidades ou mesmo pouco distanciamento face aos poderes políticos e sectoriais. Custos de juventude que outros organismos onde se exigiria total distanciamento também sofrem, ainda que não tenham disponível a mesma desculpa da “idade”.
Abel Mateus, noticiava ontem o Jornal de Negócios, vai recomendar ao governo o fim do monopólio dos farmacêuticos no concurso a concessões de exploração das farmácias. Trata-se do passo seguinte num caminho que os governos já deveria ter percorrido há muitos anos.
Esperemos que a recomendação frutifique e, já agora, que não se fechem inteiramente os ouvidos aos farmacêuticos que esperneiam (algo desajeitadamente) com argumentos de mau pagador. Digo para não os ignorarmos inteiramente porque poderão ter alguma razão quando invocam a prioridade de também se agir sobre a política do medicamento – não para deixar de agir sobre as farmácias, como os farmacêuticos advogam, mas para fazer o serviço completo neste mercado. Não será possível, sem comprometer premissas fundamentais do Estado de bem estar liberalizar mais um niquinho o mercado do medicamento? A bem do aumento da transparência, dos utentes do Serviço Nacional de Saúde e demais contribuintes.