Ouvir e ver hoje António Vitorino em entrevista à 2 (Público + Rádio Renascença) não pode deixar de ser um contraponto. Um contraponto a muitas coisas ruins e medíocres que por aí andam. Ainda há Políticos na política! Aleluia!
O senhor, a sua conduta, a forma como se nos dirige por via dos jornalistas deveria ser a regra e não a excepção. Ninguém poderá deixar de dizer que Vitorino é um político na acepção mais clássica do termo, e ninguém poderá deixar de comprovar que é um político tecnicamente bem informado em muitas matérias. Nas áreas que melhor conheço (economia) convenceu-me. Não me convenceu de possuir poderes místicos mas convidou-me a partilhar da sua razão e do caminho que levará para ajustar as políticas de governação às condições que viermos a ter.
Foi até engraçado ver a dada altura a cautela dos jornalistas em exporem perguntas. Políticos deste gabarito exigem jornalistas muito bem informados. O risco de levarem um baile e serem polidamente corridos com evidente rótulo de “ignorantes” agrava-se quando têm, por exemplo, António Vitorino pela frente.
Será Vitorino um tecnocrata? Felizmente, é acima de tudo um avaliador arguto da realidade. Um concidadão que de facto consegue dar valor acrescentado a quem o ouve ainda que nos fale exactamente como político. Por enquanto, nada mais me resta do que espantar-me com a excepção, ter esperança que haja por aí uma fornada de Antónios Vitorinos um pouco por todos os partidos e recordar-me a cada momento de desilusão que a sua presença e papel no delinear do projecto de legislatura do PS são uma mais valia poderosa para contrabalançar uma boa dose de engulhos que ainda haja para engolir. Afinal de contas, votar no PS é também votar em António Vitorino. Melhor campanha do que esta não deverão encontrar por aqui até 20 de Fevereiro…