Iraque: Bagdade não é o país. Parece que os jornalistas que fui ouvindo e lendo nas últimas semanas não perceberam isso. Hoje a estupefacção é geral. Poucos nos media anteciparam a afluência às urnas que se verificou nas eleições de hoje.
Este pode ter sido o momento decisivo, bem mais decisivo do que se antecipava. O povo, de facto, falou e, pela determinação reflectida nos números, quer pela primeira vez em muito tempo ser a base do governo do seu país. O terror, seja ele o do “fantasma” do antigo regime ou o dos radicais da Al-Qaida que aproveitaram o pasto seco, é apenas uma variável, o povo iraquiano (a étnia dominante?) demonstrou hoje que o terror não é a variável. Talvez o futuro seja uma guerra étnica, talvez não. Hoje ao final do dia há mais oportunidades do que havia ontem, isso parece-me inegável. Que fazer com este dia? Como o aproveitar para começar a construir a solução?
Se houver um mínimo de lógica neste xadrez, o papel das forças internacionais deverá mudar mais rapidamente e a sua retirada deverá ter ficado bem mais próxima.