Pegando em preocupações do Pula Pulga que também têm passado por aqui, Filipe Nunes no País Relativo faz a apologia dos partidos tocando num ponto que até hoje não tinha ouvido publicamente:

(…)O problema dos partidos de governo, uma vez na oposição, é precisamente esse: falta de profissionalização dos gabinetes de estudos; recursos humanos limitados no apoio à actividade parlamentar. Daí a dificuldade de encontrarem soluções políticas diferentes daquelas que haviam sido preparadas no período em que estavam no governo. Foi por isso que falei da questão da reforma do estatuto da oposição, que espero que o PS, mesmo no governo, não deixe de defender.

Imagino desde já uma federação de liberais a acusar o “estatísmo” eventualmente implícito na reforma do estatuto da oposição (mais despesa para o Estado?), mas à parte este argumento que me parece essencialmente populista (daqueles que defendem que os partidos se devem financiar à custa de “mecenas”), o sublinhado das razões para a falta de uma alternativa tecnica e politicamente informada que percebo das palavras de FN faz todo o sentido. Mas permitam-me relativizá-la antes de a defender com mais afinco.
A profissionalização da política é um caminho mas não o único caminho. Não sei sequer se o melhor. Uma simbiose regular entre o profissionalismo na política e a participação de cidadãos com conhecimento de causa diário das diversas realidades/ sectores económicos existentes no país serão sempre o melhor caldo. O contributo destes últimos não será colmatado por nenhuma reforma no estatuto da oposição. Dito isto, acho que é precipitado recusar como razoável a preocupação/justificação de FN. Sem omoletes…

Não posso deixar de dizer é que só fará sentido ter esta reforma, seja ela o que for, se integrada na discussão sobre o financiamento partidário. Também aqui por uma questão de higiéne e defesa da coerência que vai falhando a todo o regime, precisamente pela questão dos recursos/financiamento.

Conclui-se que as Novas Fronteiras da actual direcção do PS servem aparentemente, entre outros objectivos tácticos, como solução de recurso para tapar o buraco e não, como deveria ser, de complemento a um projecto já meio amadurecido. À falta de melhor faço votos que saia de lá um bom remendo. A bem da nação.

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