O Mário da Retorta escrevia aqui há dias a propósito da série de Sherlock Holmes da BBC que já não se fazem mais produções como aquelas; os custos da reconstituição histórica incomportáveis ou pouco apelativos para um investimento televisivo, assim o ditam.
Mas nem tudo justifica a saudade do passado e o sentimento de perda irreversível do nascimento de novas coisas boas. Num outro registo, temos tido o imparável Michael Palin igualmente pela mão da BBC.
Em certas circunstâncias é a melhor forma de nos fazer entrar o mundo pela casa a dentro. A 2: começou hoje a (re)exibir os quatro episódios da volta ao Sahara.
Ainda não tinha visto o retrato dos campos de refugiados do Sahara Ocidental como os vi hoje neste documentário de 2002.
Palavras do Outros do Dia:
Acordo Ortográfico de Regime
(…) Parece que o que está em causa, ou subjacente à oferta de pacto de regime, são questões do código penal e do código de processo penal — e não a justiça propriamente dita. Sobre os códigos, espera-se que o Parlamento trate do assunto e rapidamente, para se acabar o regime de queixinhas. Sobre a justiça (ou a Justiça), espera-se que a lei seja respeitada e que os «seus agentes» trabalhem de acordo com as regras. Isso é que era um grande acordo de regime.
Tudo isso será certamente impossibilitado pela forma como a investigação policial é analisada em directo, como os processos vão parar às mesas das redacções, como os telefonemas privados são tornados públicos, como a promiscuidade e as regras de favor são protegidas. Nada de escândalo; é assim há anos. Por isso, o verdadeiro acordo de regime era esse: obrigar a cumprir a lei e haver gente decente a cumpri-la.
Francisco José Viegas no Aviz
(também na GLQL)