O reposicionamento político ou ideológico de que se fala e que se adivinha para o PS é um desafio importante, sem dúvida. Já o aqui desejei imaginando-o fruto de um processo de aprendizagem dos erros passados na governação, entre outros. Não estou nada seguro que seja esse o caminho.
Já há quem venha a público falar de figuras “garante da unidade do partido” e outras aberrações vazias, mas ainda a procissão vai no adro. Aguardemos.
Vou adivinhando que de pouco valerá ao país o reposicionamento – o partido ao serviço de todos, certo? – se não for acompanhado pela percepção da necessidade de uma mudança cujo objectivo, a prazo, seja transversal a todo o partido e implique uma redefinição estratégica do seu papel e da forma de interagir com a sociedade.
Há um cabo das tormentas que precisamos de dobrar para fundar um novo ciclo na vida política e na democracia portuguesa.
Passado este período de governação populista teremos experimentado pela primeira vez, desde o 25 de Abril de 1974, quase tudo o que havia para experimentar.
Eleitores de todos os espectros políticos tiveram já o seu momento de ilusão, de realização, de desgosto e de descrença. Restam entre o eleitorado, como excepções, a permanente vaga de saudáveis ingénuos e mais ou menos aguerridos jovens idealistas/oportunistas (entre os quais me julgo incluir, na vertente idealista). Não podemos, contudo, esperar que sejam estes últimos a garantir sistematicamente a renovação de um sistema estabelecido até porque a carne é fraca e particularmente manipulável…
O livro da história da corrente república começa a completar o seu “dicionário” com exemplos para todas as opções básicas. Aproxima-mo-nos da época das variações, da repetição.
É necessário começarmos a construir (reconstruir?) um partido que se proponha levar a nossa democracia além da puberdade. No mínimo cabe a cada um de nós fazer subir a fasquia da exigência, cultivando também uma boa dose de humildade, mas é típico da nossa forma de organização gregária dependermos de um catalizador. Se ele não surgir não há um caminho seguro que garante a idade adulta após a adolescência. E sobre isso acho que todos conhecemos alguns muito humanos exemplos ao nível de singulares seres da nossa espécie.