Ó Nuno lembrando-me disto que escreveste:
(…) a minha resposta sobre se a adopção por casais homossexuais é boa ou má é que muito simplesmente não sei, acho que não existe histórico suficiente para se poder dizer que um casal homossexual adoptar crianças influencia a sua orientação moral e sexual futura, apenas sei que é contra-natura, no sentido de que não é a solução normal.
Ser contra-natura não implica obrigatoriamente ser pior que a solução natural.
Tal como eu não sei, duvido muito que seja possível, actualmente, a comunidade científica dar qualquer tipo de resposta, concordante ou discordante, que possa ser aceite pela solidez dos argumentos apresentados.
Penso que é uma dúvida com que teremos que viver nas próximas 2 ou 3 décadas, até que haja dados suficientes que permitam fazer uma avaliação clara. (…)
Sugiro-te este artigo do Público que descobri via Klepsydra. Parece que há mesmo já muito trabalho científico feito que nos pode ajudar a dissipar os maiores receios. Publico de seguida um pequeno excerto:
“ (…)o relatório técnico da American Academy of Pediatrics, publicado na Pediatrics (Fevereiro de 2002), subordinada ao tema “Coparent or Second-Parent Adoption by Same-Sex Parents”, vai no mesmo sentido, ou seja que não há diferenças evidentes entre crianças que cresceram com um ou dois pais homossexuais das cuidadas por pais heterossexuais, seja do ponto de vista emocional, cognitivo, social ou da identidade de género. O que parece afectar o desenvolvimento infantil é a natureza das relações e das interacções familiares, o que é, obviamente uma questão outra. Talvez por isso, a mesma American Academy of Pediatrics, num outro texto, também de 2002, aceita não só a possibilidade de adopção por casais homossexuais, como recomenda aos pediatras que se familiarizem com a literatura publicada sobre o problema.
(…)”
Artigo do Prof. Carlos Amaral Dias (Professor Catedrático, psiquiatra e psicanalista).